A Avibras Aeroespacial, líder na fabricação de sistemas pesados de defesa no Brasil, está em negociações avançadas para sua venda ao grupo australiano DefendTex, numa tentativa de evitar a falência.
O interesse dos investidores australianos se concentra, inicialmente, na produção e venda de foguetes de 122 mm, destinados ao uso pela Ucrânia em seu conflito armado contra a Rússia.
Essa negociação, contudo, pode encontrar obstáculos na política do governo brasileiro, que tem se mantido neutro na guerra ucraniana, restringindo a exportação de material bélico para a região, conforme reportagem da Folha.
A Avibras, que é o principal fornecedor de mísseis e foguetes para o Exército Brasileiro, enfrenta uma grave crise financeira, com dívidas estimadas em R$ 570 milhões, levando a empresa a pedir recuperação judicial em março de 2022.
A possível venda ao grupo australiano poderia representar uma solução para a retomada das atividades da Avibras, que já teve que demitir parte significativa de seu quadro de funcionários e suspendeu os salários dos remanescentes por dez meses.
Apesar das negociações, a transação está sob escrutínio do governo brasileiro, que tem vetado exportações de armamento que possam ser utilizadas no conflito ucraniano.
Além disso, a venda para uma empresa estrangeira exigiria a aprovação das autoridades brasileiras para a exportação de produtos militares fabricados em território nacional.
O Ministério da Defesa do Brasil, junto a outros órgãos governamentais, avalia a situação, considerando as implicações para a política de defesa nacional e a manutenção dos contratos estratégicos da Avibras com o Exército, incluindo o fornecimento exclusivo para o programa Astros, um dos pilares do investimento militar brasileiro.
A situação é acompanhada de perto tanto pelo governo quanto por agentes do setor de defesa, que veem na negociação uma possível saída para a crise enfrentada pela Avibras, mas reconhecem a complexidade das questões envolvidas, incluindo a manutenção da neutralidade brasileira na guerra entre Ucrânia e Rússia.
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