Um estudo recente conduzido pela Fundação Dom Cabral revela que o modal ferroviário no Brasil atingiu um marco histórico, representando 26,9% do transporte de cargas, conforme os dados finais de 2022. Esse crescimento inédito traz desafios e perspectivas para o setor logístico nacional.
De acordo com o estudo publicado pelo Valor, liderado pelo professor e coordenador do núcleo de infraestrutura da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, o desafio agora é manter e aumentar essa proporção para 36%, visando aliviar o tráfego nas rodovias e reduzir os custos de transporte, principalmente para produtos como granéis e minério de ferro.
Resende destaca que a participação das ferrovias ultrapassou todas as projeções anteriores, e que esse crescimento está fortemente ligado ao transporte de granel agrícola.
No entanto, ele ressalta que o ideal seria alcançar uma participação de 36%, em linha com países de dimensões continentais como os Estados Unidos, China e Canadá.
O estudo alerta para a importância de novos investimentos no setor ferroviário para garantir a melhoria contínua da logística do país.
Segundo Resende, a perspectiva é positiva, pois há uma forte demanda e grande parte dos investimentos está nas mãos da iniciativa privada.
Para atingir a participação ideal de 36%, estima-se que serão necessários cerca de R$ 300 bilhões em investimentos nos próximos anos.
No entanto, o estudo indica que esse investimento se pagaria em dez anos, resultando em uma economia anual de R$ 30 bilhões no transporte de cargas.
Atualmente, o modal rodoviário ainda representa a maioria (62,2%) do transporte de cargas no Brasil, seguido pelos modais hidroviário (4,3%) e dutoviário (3,6%). A navegação de cabotagem representa 2,9%.
A expectativa é que, com o crescimento do modal ferroviário, haja uma redução significativa na dependência das rodovias para o transporte de cargas.
Esse avanço é fundamental não apenas para o setor ferroviário, mas também para a eficiência da logística nacional e o bem-estar dos trabalhadores do setor.
Nesse sentido, a Infra S.A., empresa vinculada ao Ministério dos Transportes, está comprometida em elevar a participação do modal ferroviário para até 47,22%, conforme o Plano Nacional de Logística.
A empresa está envolvida na execução de diversos projetos, incluindo a construção das ferrovias de Integração Oeste Leste (Fiol) e da Integração Centro-Oeste (Fico).
Com a implementação desses projetos, o Brasil poderá adicionar cerca de 8 mil quilômetros de novas ferrovias nos próximos anos, impulsionando ainda mais o crescimento do modal ferroviário e proporcionando benefícios econômicos e ambientais significativos.