O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou planos do governo para lançar um conjunto de medidas destinadas a revitalizar o mercado de crédito imobiliário no Brasil.
Previstas para serem divulgadas no início de abril, as iniciativas visam facilitar o acesso ao financiamento imobiliário através da criação de um mercado secundário robusto para títulos imobiliários.
Durante uma entrevista à rádio Itatiaia nesta quarta-feira, 27, Haddad enfatizou a importância dessas medidas para o desenvolvimento econômico do país, destacando o potencial de crescimento da economia brasileira a partir do setor de construção civil.
Segundo o ministro, a estratégia inclui permitir que bancos vendam a terceiros os contratos de financiamento imobiliário, conhecidos como “recebíveis”, liberando assim espaço em seus balanços para novos empréstimos.
“Nós vamos tomar medidas a semana que vem que vão destravar esse mercado imobiliário. Nós vamos criar um mercado secundário de títulos imobiliários muito robusto para fazer com que o crédito imobiliário rode no Brasil e possa ser multiplicado por muitas vezes”, disse Haddad.
Chega a ser dez vezes mais o crédito imobiliário em alguns países do que é no Brasil. Então imagina você o potencial de crescimento da economia brasileira a partir da construção civil”, completou.
A abordagem, comum em mercados desenvolvidos mas ainda rara no Brasil, é vista como um meio de alavancar significativamente a construção civil no país.
O ministro apontou a relevância técnica da medida e como ela difere das práticas atuais no mercado de crédito brasileiro, onde os recebíveis com garantia imobiliária geralmente permanecem na carteira dos bancos sem um mercado secundário ativo para sua revenda.
Haddad também mencionou encontros recentes com representantes do setor imobiliário, que teriam recebido a proposta com entusiasmo.
A expectativa é que as novas regras beneficiem amplamente a classe média e a classe trabalhadora, oferecendo “boas novidades” para o futuro próximo do mercado imobiliário brasileiro.
Contudo, o ministro não forneceu detalhes sobre a regulamentação da transferência desses ativos entre instituições financeiras ou a possibilidade de sua “alavancagem” no mercado futuro, um ponto que suscitou preocupações no passado, como evidenciado pela crise do subprime nos Estados Unidos em 2008.
Essa crise, desencadeada pela concessão desenfreada de crédito imobiliário e sua subsequente multiplicação em derivativos, resultou em uma recessão global e aumento da pobreza, destacando a importância de uma abordagem cautelosa nas novas medidas.
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