Aliados afirmam que participação em ato na Avenida Paulista mostra que Bolsonaro não buscava asilo
Segundo pessoas próximas a Jair Bolsonaro, a manifestação convocada na Avenida Paulista em 25 de fevereiro serviria como prova de que o ex-presidente não tinha intenções de solicitar asilo na Embaixada da Hungria naquele mês. Eles argumentam que Bolsonaro fez uma convocação para um evento público logo após sua visita à embaixada, o que contradiria a ideia de um pedido de asilo.
“Quem vai pedir asilo em embaixada não convoca ato na Paulista para duas semanas depois”, comentou um assessor do ex-presidente, que preferiu não se identificar.
A convocação feita por Bolsonaro foi publicada às 20h34 de 12 de fevereiro, e cerca de uma hora depois, às 21h37, ele chegou à sede diplomática húngara.
Detalhes da presença de Bolsonaro na embaixada húngara
O jornal The New York Times teve acesso a gravações que mostram Bolsonaro entrando na Embaixada da Hungria na noite de 12 de fevereiro, permanecendo até o dia 14. Esse período coincidiu com a apreensão de seu passaporte pela Polícia Federal, em meio a investigações de uma possível conspiração para manter o poder após perder a eleição para Lula.
Embaixadas, segundo leis internacionais, são territórios sob a soberania de seus respectivos países, protegidas contra intervenções sem consentimento. Isso significaria que Bolsonaro estaria fora do alcance de eventuais ordens de prisão brasileiras durante sua estadia na embaixada.
Bolsonaro mantém uma relação próxima com Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, tendo se encontrado com ele recentemente em Buenos Aires durante a posse de Javier Milei.
Reação de Moraes à visita de Bolsonaro à embaixada
A divulgação da visita do ex-presidente à embaixada motivou pedidos por sua prisão preventiva, especialmente por membros da oposição.
Alexandre de Moraes, relator de casos contra Bolsonaro no STF, solicitou uma explicação sobre a visita, dando um prazo de 48 horas. O ministro já havia interpretado tentativas de asilo como justificativa para a manutenção de prisões preventivas em casos anteriores.
“Diante da manutenção das circunstâncias fáticas que resultaram no restabelecimento prisão, somadas à tentativa de obtenção de asilo político para evadir-se da aplicação da lei penal, a manutenção da restrição de liberdade é a medida que se impõe para garantia da ordem pública e aplicação da lei penal”, escreveu Moraes em uma de suas decisões, reforçando o precedente que pode impactar a situação de Bolsonaro.
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