Os números de patentes da China revelam que está diminuindo a lacuna para a dominância quântica dos EUA
Estados Unidos e China adotaram estratégias diferentes para desenvolver a tecnologia quântica – a China focou no uso da ciência quântica para segurar comunicações, enquanto os EUA procuraram desenvolver capacidades de computação avançadas.
Mas os últimos dados de patentes divulgados pelo escritório de propriedade intelectual da China sugerem que Pequim pode estar mudando sua abordagem em um campo que os EUA têm liderado por muito tempo.
A computação quântica, na qual a ciência quântica é aproveitada para resolver problemas complexos significativamente mais rápido do que os computadores clássicos, representou 56,5 por cento do total de concessões de patentes domésticas da China de 2013 a 2022.
Comunicações quânticas, que usam a física quântica para proteger dados, representaram 30,3 por cento das patentes domésticas durante o mesmo período, de acordo com um artigo na edição de março da revista China Invention & Patent publicada pela Administração Nacional de Propriedade Intelectual da China.
Nos últimos 10 anos, a tecnologia quântica da China “alcançou um salto histórico” de ficar para trás dos principais países para se tornar líder em patentes e produção, disse o artigo, referindo-se à paisagem quântica doméstica do país.
No mesmo período, o país alcançou “superioridade quântica”, de acordo com outro artigo sobre patentes quânticas globais na mesma edição da revista.
A China foi responsável por 37 por cento das solicitações de patentes quânticas em todo o mundo de 2003 a 2022, superando os EUA com pouco mais de 28 por cento, disse o artigo.
Em particular, a China emergiu como líder clara no campo da comunicação quântica, com marcos como o lançamento do primeiro satélite de comunicações quânticas.
No entanto, quando se trata de computação quântica e detecção quântica – ou tecnologia avançada de detecção de movimento – é amplamente aceito que os EUA têm liderado por muito tempo.
Um relatório de 2022 da empresa de análise de dados sediada em Londres, GlobalData, afirmou que a China estava atrás dos EUA em tecnologia de computação quântica por cerca de cinco anos.
Mas um novo relatório divulgado no mês passado pela mesma empresa disse que os países agora “estão quase empatados”.
Acredita-se que os EUA tenham a liderança na maioria dos aspectos da computação quântica, exceto em subcategorias específicas, como pesquisa relacionada a supercondutores, de acordo com um relatório apresentado no mês passado pelo think tank americano Corporação RAND a uma audiência da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China.
O relatório da RAND, no entanto, disse que a vantagem da China em aspectos específicos da computação quântica torna a liderança dos EUA “discutível”.
Os EUA incorporaram a tecnologia quântica no planejamento nacional em 1994, enquanto a China só integrou a tecnologia no planejamento nacional em 2013, de acordo com o artigo sobre tecnologia quântica global.
A China em 2009 superou os EUA em total de solicitações de patentes quânticas pela primeira vez, apesar de seu início tardio no campo.
“Desenvolveu-se rapidamente”, disse o artigo, permitindo-lhe produzir tecnologias avançadas em um nível líder ao lado dos EUA. Ainda assim, os EUA mantêm a maior parcela de patentes quânticas altamente citadas, principalmente em computação quântica.
Cientistas chineses também publicam pesquisas menos impactantes sobre detecção quântica, que tem maior potencial militar, de acordo com o relatório da RAND.
No entanto, a detecção quântica tem recebido consideravelmente mais atenção na China, e espera-se que as patentes aumentem significativamente, de acordo com o artigo chinês.
A cooperação internacional entre cientistas é uma característica importante da pesquisa quântica.
No ano passado, o presidente dos EUA, Joe Biden, emitiu uma ordem executiva para restringir o investimento dos EUA em tecnologias avançadas como a quântica, que estava ligada a países de preocupação – como a China.
O relatório da RAND – apresentado em uma audiência sobre o desdobramento militar da tecnologia quântica na China – sugeriu que controles de exportação “direcionados de forma restrita” em organizações chinesas apresentariam um risco baixo de impactar o progresso científico americano no país.
Em contraste, o relatório chinês sobre patentes quânticas globais disse que “a cooperação internacional precisa ser aprofundada e expandida”, incluindo através da cooperação técnica com os EUA.
Apesar dos grandes avanços na tecnologia quântica da China, o artigo afirmou que o ambiente para inovação ainda “precisa ser otimizado”, incluindo mais planejamento de políticas.
Matéria publicada no South China Morning Post, em 26 de março de 2024.
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