Chiquinho indicou filho e esposa de vítima fatal de Domingos Brazão
Acusado de orquestrar o homicídio de Marielle admite ter cometido um assassinato nos anos 80, justificando autodefesa; posteriormente, a viúva concebeu um filho com o parlamentar
Chiquinho Brazão, deputado pelo Rio de Janeiro, detido por suposta participação no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), incluiu em sua equipe o filho e a viúva de um indivíduo assassinado por seu irmão, Domingos Brazão, membro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e igualmente encarcerado pelo caso.
Durante a administração de Eduardo Paes (PSD), na Secretaria Municipal de Ação Comunitária, Chiquinho nomeou Luiz Cláudio Xavier dos Reis Junior e Katia Cristina Paiva Xavier. Além disso, Luiz Cláudio colaborou com o deputado na Câmara no ano anterior.
Eram, respectivamente, o filho e a esposa de Luiz Cláudio Xavier dos Reis, quem Domingos admitiu ter assassinado em março de 1987.
Contudo, dois anos após o assassinato, a dinâmica entre Kátia e a família Brazão mudou; ela teve um filho com Chiquinho, sem manter relações atuais com ele.
Até este relato, Katia, Luiz Cláudio e as defesas de Chiquinho e Domingos não se pronunciaram sobre a nomeação.
Domingos foi questionado pela Folha, dez dias antes de sua prisão, sobre a coincidência dos nomes, sem saber do parentesco à época. Ele afirmou desconhecer a ligação, mas expressou desagrado ao relembrar o caso.
O homicídio aconteceu na festa de 22 anos de Domingos. Segundo o processo, Luiz Cláudio acusou Domingos de ter um caso com Katia.
Depois que Luiz Cláudio e um amigo se retiraram de moto, Domingos atirou neles, atingindo Luiz Cláudio no pescoço, afetando a medula — o amigo sobreviveu.
Inicialmente, Domingos negou os tiros. Após ter prisão preventiva decretada, que logo foi anulada, ele admitiu o crime em dezembro de 1987, alegando defesa própria.
Um relatório policial já indicava suspeitas futuras sobre Domingos, ainda não político, destacando sua natureza violenta e ameaças a potenciais delatores.
Em 1989, decidiu-se que Domingos enfrentaria o Tribunal do Júri, com julgamento marcado para 7 de dezembro de 1990, que nunca ocorreu após adiamentos.
O caso prosseguiu em 2000, dois anos depois de Domingos ingressar na Alerj. Em 2002, o Tribunal de Justiça descartou a acusação.
Na Alerj, o caso gerou debates. Domingos defendeu-se das críticas, afirmando ter matado um “marginal” que invadiu sua privacidade no aniversário.
No último ano, Luiz Cláudio Junior foi contratado como secretário parlamentar de Chiquinho na Câmara, seu primeiro cargo público registrado.
Em outubro de 2023, Junior ingressou na secretaria municipal sob Chiquinho no Rio, sendo exonerado recentemente com outros colaboradores do deputado.
Katia Paiva atuou como conselheira tutelar em Jacarepaguá e, no início deste ano, tornou-se assessora na mesma secretaria, mantendo-se no cargo.
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