Em uma revelação impactante, Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro, destaca uma série de eventos e pressões políticas que acredita terem contribuído para o seu afastamento do cargo em abril de 2021.
Durante uma entrevista concedida aos jornalistas Leonardo Attuch e Dayane Santos, do Brasil 247, Witzel argumentou que sua destituição foi uma retaliação direta pelas prisões de Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Witzel explicou que, ao assumir o governo do estado, promoveu mudanças significativas na gestão da segurança pública, incluindo a extinção da Secretaria de Segurança e a garantia de independência à Polícia Civil. Essas medidas, segundo ele, aumentaram a tensão em áreas controladas por milícias.
“Assumi o estado sem nenhum compromisso com as organizações criminosas do Rio de Janeiro. Tomei a decisão de extinguir a Secretaria de Segurança e dei independência à Polícia Civil. Isso causou um aumento da temperatura nas regiões comandadas por milícias, que são máfias”, disse.
O ex-governador enfatizou que o processo de impeachment foi influenciado pela expectativa de que, sob sua administração, os mandantes do crime contra Marielle seriam identificados. Ele alega que, com sua saída, as investigações do caso sofreram um grave revés.
Além disso, Witzel acusou políticos e o crime organizado de manterem uma relação simbiótica, sugerindo que deputados estaduais votaram por seu impeachment sob ameaça de morte, demonstrando o poder de intimidação exercido pelo crime organizado.
“Os responsáveis me diziam que havia elementos para prender dois executores e que haveria suspeita sobre um terceiro. No início do meu governo, foram presos Ronnie Lessa e Elcio Queiroz”.
“Ao longo do meu governo, chegaríamos nos mandantes. Por isso, fizeram meu impeachment. Com a minha saída do governo do Rio de Janeiro, a investigação do caso Marielle parou”.
Em um determinado momento da entrevista, o ex-governador fluminense citou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como um dos articuladores da sua derrubada do poder. “Houve uma pressão política do [senador] Flávio Bolsonaro [PL-RJ] para que eu fosse cassado”.
Ele também tocou na delicada questão do envolvimento de figuras políticas com milícias, citando a investigação sobre o assassinato de Marielle como um ponto crítico que desafiava esses interesses entrelaçados.
“Deputados votaram ameaçados de morte contra mim. Eu era uma pedra no sapato do crime organizado do Rio. (…) A máfia da milícia é fonte de financiamento para campanhas eleitorais. O crime organizado alimenta a política e a política se alimenta do crime organizado”.
A entrevista abordou ainda a controversa história do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, que inicialmente declarou que Elcio Queiroz, um dos acusados pelo crime, havia visitado a casa de Jair Bolsonaro no dia do assassinato.
Witzel expressou dúvidas sobre a alteração da versão do porteiro, indicando que a verdade por trás dessa narrativa permanece obscura.
Com isso, o ex-governador defendeu a necessidade de investigações mais aprofundadas para esclarecer não apenas a participação de Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, mas também para explorar possíveis conexões com outros políticos.
Segundo ele, a delação de Ronnie Lessa poderia ser a chave para desvendar a complexa rede de interesses que cercam o caso Marielle Franco.
Por fim, Witzel declarou que a razão do assassinato de Marielle era porque a vereadora “atrapalhava o enriquecimento de determinadas pessoas e a fonte de financiamento escusa da política”.
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