A Polícia Federal (PF) investiga a possibilidade de que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido em março de 2018, tenha sido motivado por sua oposição a um projeto de lei discutido na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Segundo um relatório da PF, Marielle teve uma participação considerada discreta nos debates sobre a proposta de regularização de lotes em áreas específicas do Rio, mas seu voto contrário teria causado uma reação intensa de Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do crime.
Uma fonte próxima de Marielle relatou à polícia que Brazão demonstrou uma irritação incomum com a posição da vereadora.
“O depoente se recorda que Chiquinho teria reclamado da votação contrária de Marielle, demonstrando irritação fora do comum e jamais vista pelo depoente, já que Chiquinho sempre se mostrou um parlamentar discreto e tranquilo”, destaca um trecho do relatório.
O projeto de lei em questão, PLC 174/2016, proposto pelo então vereador, visava a regularização de lotes em Vargem Grande, Vargem Pequena, Itanhangá, e Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. A proposta avançou na Câmara em primeiro turno em 26 de maio de 2017, apesar da oposição de Marielle.
A PF sustenta que as divergências de Marielle em relação ao projeto estavam diretamente relacionadas à motivação do crime.
Ainda segundo a PF, Ronnie Lessa, ex-policial militar acusado de executar Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, mencionou queixas de Domingos sobre a atuação da vereadora em áreas de interesse da família Brazão.
No entanto, existe a possibilidade de que a relevância da oposição de Marielle ao projeto tenha sido “superdimensionada” por um informante do grupo político.
Embora a PF não estabeleça o projeto de lei como a causa direta do assassinato, afirma que ele adiciona credibilidade ao relato de Lessa sobre as circunstâncias que levaram à ordem do crime.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!