A resolução do assassinato de Marielle Franco e Andersom Gomes tem vários heróis. O principal deles, como disse Cidinha Campos, ex-deputada estadual que sofreu muitas ameaças de Domingos Brazão, em entrevista emocionada ao jornalista Guilherme Amado, foi o povo, que exigiu justiça. O povo do Rio, do Brasil e do mundo. No dia seguinte ao assassinato, milhares de cariocas ocuparam as ruas do centro, numa manifestação gigantesca pedindo justiça. Houve manifestações em diversas cidades do Brasil e do mundo.
Mas também foi necessário que muitos homens sérios, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário ouvissem a pressão popular e levassem a investigação até as últimas consequências.
Um deles foi o delegado Leandro Almado, indicado por Lula para chefiar a superintedência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Segundo a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, a nomeação de Leandro Almada para o comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro enfrentou resistência do governador Cláudio Castro, que solicitou ao presidente Lula que reconsiderasse a decisão. Lula, após ouvir e consultar Andrei Rodrigues sobre o assunto, decidiu manter a nomeação de Almada.
Leandro Almada, que já havia investigado a atuação da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ) no assassinato da vereadora Marielle Franco entre 2018 e 2019, foi designado pelo diretor-geral da PF, no início de 2023, para retornar ao Rio (depois de uma estadia em Brasília) e assumir não apenas a liderança da PF no estado, mas também o desafio de desvendar o crime contra Marielle.
Essa decisão foi crucial para o sucesso da investigação que culminou na operação de ontem, resultando na prisão de Domingos e Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa, evidenciando o papel central de Almada na resolução do caso.
Por fim, vale lembrar que a primeira grande crise política do governo Bolsonaro se deu justamente porque o então presidente queria indicar um nome de confiança para a superintendência da PF no Rio. O então ministro da Justiça, Sergio Moro, denunciou a interferência de Bolsoanro e saiu do governo. Mais tarde, em contradição com sua própria denúncia, e demonstrando inacreditável pusilanimidade, Moro voltaria a apoiar Bolsonaro. As intenções de Bolsonaro eram parecidas com aquelas que levaram à indicação de Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro: ter o poder de controlar investigações, em especial aquelas envolvendo as poderosas milícias do estado, com as quais a família Bolsonaro sempre esteve envolvido.