Um relatório recente da Polícia Federal (PF) destacou acusações contra o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa, preso por suposta interferência nas investigações do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O documento aponta que Barbosa, que foi nomeado à véspera do crime em 2018, estaria envolvido em obstruir investigações de casos ligados a contraventores, com alegações de pagamentos de até R$ 300 mil para evitar o avanço das apurações.
Segundo o relatório, produzido durante a intervenção federal na segurança pública do Rio, existiam operações financeiras destinadas a obstruir investigações sobre homicídios e crimes associados à contravenção.
Este esquema de corrupção implicaria diretamente a alta gestão da Polícia Civil durante a administração de Barbosa, sugerindo um ambiente de impunidade favorecido por acordos corruptos entre policiais e contraventores.
Depoimentos incluídos no relatório, como o de Orlando Curicica, descrevem um “sistema de pagamento mensal” para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para não investigar assassinatos ligados ao jogo do bicho, variando de R$ 60 mil a R$ 80 mil.
O relatório também menciona casos específicos de homicídios não investigados, associados a figuras conhecidas do crime organizado no Rio.
Alexandre Dumans, advogado de Rivaldo Barbosa, defende seu cliente, argumentando que a prisão de Ronnie Lessa, acusado do assassinato de Marielle e Anderson, ocorreu durante a gestão de Barbosa, sugerindo uma atuação contra a obstrução das investigações.
A PF critica o que descreve como uma dinâmica de cumplicidade e inércia dentro da Polícia Civil, acusando-a de garantir a continuidade de atividades criminosas através da omissão e corrupção.
A situação descrita no relatório aponta para um cenário onde a impunidade dos crimes relacionados à contravenção era mantida por um acordo de silêncio e inatividade investigativa.
O caso reflete não apenas a complexidade das redes de corrupção dentro das instituições de segurança pública do Rio de Janeiro, mas também o desafio de combater a influência do crime organizado nas estruturas responsáveis por garantir a lei e a ordem.
Com informações do G1