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“Os woke não são de esquerda”, diz filósofa americana

Segundo entrevista publicada neste domingo na Folha de São Paulo, feita pelo jornalista Bruno Boghossian, a filósofa americana Susan Neiman critica fortemente os movimentos “woke” por abandonarem os ideais universalistas de justiça e igualdade, essenciais à esquerda, em favor de um tribalismo limitador. No livro “A Esquerda Não É Woke”, Neiman discute como esses grupos […]

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Susan Neiman. Photo: James Starrt

Segundo entrevista publicada neste domingo na Folha de São Paulo, feita pelo jornalista Bruno Boghossian, a filósofa americana Susan Neiman critica fortemente os movimentos “woke” por abandonarem os ideais universalistas de justiça e igualdade, essenciais à esquerda, em favor de um tribalismo limitador. No livro “A Esquerda Não É Woke”, Neiman discute como esses grupos misturam o progressismo com conceitos reacionários e como isso é um erro para a esquerda.

Ela argumenta que o “woke” depende de emoções de esquerda, como o desejo de apoiar os oprimidos e corrigir injustiças históricas, mas critica a postura de abraçar um conceito “completamente incoerente” que mina ideias progressistas com uma filosofia reacionária. Neiman, que é a diretora do Einstein Forum na Alemanha, sugere que essa mentalidade tribalista limita o potencial de luta política dos movimentos e os impede de manter a distinção crucial entre justiça e poder, bem como a esperança no progresso.


Trechos da entrevista publicada na Folha:

A sra. estabelece uma distinção entre a esquerda e o movimento “woke” em um momento em que, muitas vezes, esses conceitos são tratados de forma quase intercambiável. Por que considerou importante fazer isso?

As pessoas estão terrivelmente confusas sobre o que significa ser de esquerda. A esquerda não é “woke”, e os “woke” não são de esquerda. Os “woke” pensam que são de esquerda, mas não são. A esquerda pode pensar que precisa ser “woke”, mas isso é um erro, pois envolve abandonar princípios cruciais que precisa manter.

A razão pela qual é tão difícil definir “woke” é que é um conceito completamente incoerente. Depende de emoções de esquerda: o desejo de estar ao lado das pessoas oprimidas, o desejo de corrigir injustiças históricas. O que muitos dos “woke” não percebem é que suas ideias de esquerda são minadas por ideias filosóficas muito reacionárias.

De que maneira o abandono desses princípios se traduz na prática?

A posição padrão da direita é que você só tem conexões profundas com pessoas da sua própria tribo. Alguns pensadores, desde o contrailuminista reacionário Joseph de Maistre até Carl Schmitt, diziam que não existe humanidade. Existem tribos individuais e, basicamente, não temos nada importante em comum.

Para a esquerda, é um princípio básico fundamental que podemos ter conexões profundas com todos os tipos de pessoas e que devemos abstrair nossas diferenças para ter uma ideia de humanidade merecedora de direitos, simplesmente por ser humana.

Isso é uma ideia de esquerda que os “woke” simplesmente abandonaram. Não há algo universal, só valores patriarcais, eurocêntricos, brancos, disfarçados de valores universais. É uma visão extremamente reacionária, uma maneira pela qual os “woke” simplesmente minam valores de esquerda e nos tornam prisioneiros de nossas origens tribais. A ideia de que você é condenado a votar de certa forma porque vem de uma certa tribo, por exemplo.

Continue a ler na Folha.

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Comentários

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Paulo Werneck

25/03/2024 - 13h09

Nunca imagnei que o Cafezinho fosse se tornar a porta de entrada da falha de sampaulo.


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