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Cientistas revelam por que os gorilas batem no peito: sinalização honesta sobre o tamanho corporal

Sem dúvida um dos comportamentos mais icônicos do mundo animal, os gorilas geralmente se levantam bipedalmente e rapidamente batem nos peitos com as mãos cerradas, em sucessivos golpes. Essas batidas no peito são uma forma de expressão sonora única porque não é uma vocalização, mas uma forma de comunicação gestual que pode ser ouvida e […]

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Divulgação

Sem dúvida um dos comportamentos mais icônicos do mundo animal, os gorilas geralmente se levantam bipedalmente e rapidamente batem nos peitos com as mãos cerradas, em sucessivos golpes. Essas batidas no peito são uma forma de expressão sonora única porque não é uma vocalização, mas uma forma de comunicação gestual que pode ser ouvida e vista. Os sons de “tambor” gerados nesse processo podem ser ouvidos até 1 quilômetro de distância, e a função sugerida é de atrair fêmeas e de intimidar machos rivais. Agora, em um estudo publicado no periódico Scientific Reports (1), pesquisadores mostraram que as batidas nos peitos dos gorilas representam uma sinalização honesta espelhando as dimensões corporais do indivíduo.

Uma das várias funções da comunicação animal é de mediar interações sociais relacionadas a competição intrassexual e escolha interssexual de parceiro. Em particular, sinais acústicos têm sido encontrados de atuar de forma crucial em facilitar a avaliação de rivais e na escolha de parceiros. Sinais acústicos podem transmitir informações sobre o status das habilidades competitivas, do tamanho corporal e/ou da condição de saúde. Sinais são considerados ‘honestos’ quando fornecem informações confiáveis sobre o status. Sinalizações permanecem honestas porque elas são diretamente ligadas às características físicas associadas ao status em questão, como tamanho corporal ou condição de saúde, que não podem ser facilmente falsificadas, por causa dos custos proibitivamente muito altos para indivíduos de baixo status imitá-los, ou os indivíduos que produzem sinais desonestos são punidos e sofrem prejuízos adaptativos.

Nos humanos, uma sinalização honesta não-sonora bem conhecida é o coramento do rosto, o qual não pode ser voluntariamente controlado.

Gorilas – mamíferos primatas do gênero Gorilla e endêmicos das florestas tropicais do centro da África – são sexualmente muito dismórficos, vivendo em grupos sociais predominantemente com apenas um macho e várias fêmeas, resultando em uma alta competição macho-macho. Fêmeas podem se dispersar entre os grupos sociais, portanto exibindo escolha por machos específicos. Tamanho corporal dos machos é pensado refletir a habilidade de luta já que está fortemente correlacionado com o nível de dominância multi-machos.

Estudos prévios têm sugerido que as batidas no peito realizadas pelos machos podem ser um importante sinal competitivo. Essas batidas são relativamente infrequentes, na média 0,5 vezes a cada 10 horas, mas podem ser tão frequentes quanto uma vez a cada poucos minutos durante encontros intergrupos. As batidas no peito também se tornam mais frequentes em dias quando as fêmeas estão no cio. Jovens e filhotes também são observados batendo no peito, especialmente durante brincadeiras em grupo, com provável objetivo de treino para a fase adulta. Porém, até o momento, era ainda incerto quais informações eram sinalizadas por esses movimento e sons gerados.

No novo estudo, os pesquisadores resolveram explorar em maiores detalhes essa questão, estudando indivíduos da espécie Gorilla beringei beringei, popularmente chamados de Gorilas-das-Montanhas. Para isso, eles registraram os sons gerados pelas batidas no peito e usaram uma técnica chamada de fotogrametria para medir de forma não invasiva o tamanho corporal de vários adultos machos monitorados em um parque nacional de Ruanda.

Os resultados consistentemente mostraram que os maiores machos emitem batidas no peito com picos de frequência mais baixos do que os machos menores. Volume do peitoral, capacidade pulmonar e tamanho das mãos provavelmente são determinantes para a geração de distintos sons correlacionados com a dimensão corporal. Sacos aéreos laríngeos, presentes em gorilas e outros primatas não-humanos, também estão relacionados com o tamanho corporal e parecem atuar como ressonadores de sinais acústicos durante vocalizações – as quais geralmente acompanham as batidas no peito na forma de rosnados.

Os pesquisadores concluíram que as batidas no peito são uma forma de sinalização honesta para informar o tamanho corporal do macho para outros machos e fêmeas. Para os machos, essa informação é crucial para a escolha de iniciar, escalar ou recuar de uma competição agressiva com outros machos, mesmo quando o potencial agressor está muito longe ou não visível entre a vegetação. As fêmeas provavelmente usam essa informação para escolher o melhor parceiro em potencial, encontrando-os com maior facilidade ao seguir os sons gerados. No vídeo abaixo, exemplos de batidas no peito de um gorila-das-montanhas macho.

Os pesquisadores também descobriram uma grande variação no número de batidas no peito, assim como na duração de cada série de batidas, sugerindo assinaturas individuais. Mais estudos são necessários para esclarecer esse último achado.

(1Publicação do estudohttps://www.nature.com/articles/s41598-021-86261-8

Publicado originalmente pelo Saber Atualizado News

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