China vai explorar minérios de Marte a partir de 2030

Uma seção de um panorama produzido por Zhurong, lançado em 27 de junho, mostrando comunicações e painéis solares, trilhas itinerantes e a plataforma de pouso distante. Crédito: CNSA/PEC

China estabelece 2030 como meta para missão de coleta de amostras de Marte e define locais potenciais de pouso

China planeja retorno de amostras marcianas para 2030 com áreas de pouso em vista

A China mira o ano de 2030 para o lançamento de sua ambiciosa missão Tianwen-3, que tem como objetivo retornar amostras de Marte à Terra, e já começou a selecionar possíveis locais para o pouso.

Conforme comunicado por Sun Zezhou, engenheiro sênior na Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), à China Central Television (CCTV) no dia 6 de março, os preparativos para a missão Tianwen-3 estão avançando “relativamente bem” com expectativas de lançamento por volta de 2030. Sun, que foi o projetista-chefe da bem-sucedida missão Tianwen-1, enfatizou a complexidade, porém a viabilidade, da missão de retorno de amostras, que utilizará uma abordagem simplificada em comparação ao projeto da NASA, mas não menos desafiadora.

A missão envolverá dois lançamentos pelo foguete Longa Marcha 5, que transportarão, respectivamente, um módulo de pouso e ascensão e um módulo orbital e de retorno. As operações de entrada, descida e pouso se inspiram na tecnologia desenvolvida para o rover Tianwen-1, e o lander empregará um braço robótico e uma broca para coletar amostras da superfície marciana e do subsolo, até dois metros de profundidade. Equipamentos adicionais, como um robô de seis pernas e um helicóptero similar ao Ingenuity, poderão ser incluídos para ampliar a diversidade das amostras coletadas, com o objetivo de trazer aproximadamente 500 gramas de material de Marte para análise na Terra.

Sun aponta como principais desafios da missão a coleta das amostras rochosas, a decolagem da superfície de Marte, o encontro e acoplamento em órbita e, por fim, a transferência das amostras para o módulo de reentrada, exigindo alta autonomia no design do sistema.

A China já demonstrou capacidade em missões de entrada, descida e pouso em Marte com a Tianwen-1 e realizou com sucesso a missão de retorno de amostras lunares com a Chang’e-5, fortalecendo a base técnica para a Tianwen-3.

Três áreas foram pré-selecionadas como zonas potenciais de pouso para a Tianwen-3: Amazonis Planitia, Utopia Planitia e Chryse Planitia. Estudos indicam que regiões com alta incidência de redemoinhos atmosféricos devem ser evitadas, com Chryse Planitia sendo destacada como a localização ideal devido a suas características e potencial astrobiológico.

As prioridades científicas na seleção do local de pouso incluem a busca por ambientes que possam ter sido propícios ao surgimento e preservação da vida, como sistemas sedimentares ou hidrotermais antigos, evidências de atividade aquática passada e diversidade geológica, com especial interesse em terrenos marcianos com mais de 3,5 bilhões de anos.

A missão Tianwen-3 da China, além de constituir um marco em engenharia espacial, promete avanços significativos no entendimento dos processos geológicos de Marte, na planetologia comparativa e, talvez, no descobrimento de bioassinaturas que revelem indícios de vida passada ou até presente no planeta vermelho.

Geólogos ouvidos pelo Cafezinho revelaram também que um dos objetivos da China deverá ser explorar economicamente minérios e terras raras presentes em Marte.

Com informações do Spacenews

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