Brasil pode faturar bilhões de dólares com terras raras

Materiais de terras raras. Imagem usada como cortesia do Adobe Stock

A mineração de “ouro do futuro”: a estratégia brasileira para terras raras

Brasil: um gigante adormecido na mineração de terras raras

Possuindo uma das maiores reservas minerais globais, o Brasil se posiciona como uma nação de potencial expressivo na mineração de terras raras, elementos cruciais para a propulsão da transição energética. Conhecidos como o “ouro do futuro” devido à sua extração complexa, esses minerais estão em abundância no território nacional, posicionando o país logo atrás da China em capacidade extrativa.

Dotados de propriedades únicas, incluindo elevada capacidade de condução térmica e elétrica, magnetismo e habilidades de absorção e emissão luminosa, os minerais raros são fundamentais na fabricação de celulares e motores para veículos elétricos. Ademais, são amplamente utilizados em imãs permanentes e em uma vasta gama de tecnologias para geração de energia verde, como geradores eólicos e painéis solares, além de equipamentos médicos, catalisadores e aplicações na indústria aeroespacial.

A China detém 61,97% da produção mundial de terras raras e até 95% do refino desses elementos, apesar de possuir 37% das reservas internacionais, de acordo com o Serviço Geológico Americano. Com um mercado restrito, o controle quase total da comercialização desses minerais está nas mãos do Estado chinês.

A exploração desses minerais no Brasil ainda é limitada pelo desinteresse governamental e industrial, apesar do crescente apelo global. A Agência Nacional de Mineração (ANM) reporta um aumento de 70% nos pedidos de pesquisa nos últimos dois anos, atingindo 155 em 2022. Contudo, a produção nacional permanece modesta, com apenas 500 toneladas produzidas no último ano.

As terras raras são encontradas em diversas regiões brasileiras, incluindo a Amazônia (parte em áreas protegidas), Goiás, Tocantins, Minas Gerais e nos litorais do Norte e Nordeste. “O problema é que se conhece muito pouco dos depósitos de terras raras no Brasil”, destaca Luis Mauricio Ferraiuoli Azevedo, da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), enfatizando a necessidade de investimentos substanciais para uma avaliação precisa do potencial nacional.

A Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) em Minaçu (GO) representa a iniciativa mais promissora, impulsionada por capital estrangeiro. A Mineração Taboca S.A inaugurou o Laboratório de Hidrometalurgia do Amazonas, visando a capacitação na extração de minerais estratégicos.

A ANM enfatiza que a mineração de terras raras, seguindo as normas regulamentadoras e protocolos ambientais, pode ser tão segura quanto qualquer outra atividade mineral. Azevedo argumenta pela necessidade de atrair investimentos para desenvolver a mineração e a indústria nacional de terras raras, destacando as vantagens do Brasil, como a capacidade de construir uma indústria limpa baseada em energia renovável.

Os desafios incluem a complexidade e o custo da extração e separação desses minerais. A demanda global por terras raras, essenciais na fabricação de veículos elétricos e na geração de energia limpa, destaca a importância estratégica desses minerais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o Ministério de Minas e Energias (MME) demonstram comprometimento com a exploração sustentável desses recursos.

A atenção internacional já está voltada para o potencial brasileiro nas terras raras, com empresas estrangeiras anunciando investimentos significativos. A exploração desses minerais representa uma oportunidade única para o Brasil se estabelecer como líder na produção de tecnologias limpas e avançadas, sublinhando a urgência de políticas eficazes para atrair investimentos e desenvolver o setor.

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