No último dia 22, um terrível ataque terrorista ocorreu no teatro Crocus City Hall, próximo a Moscou, chocando o mundo. Homens armados, vestindo trajes camuflados, abriram fogo contra as pessoas presentes no local, além de lançarem granadas que causaram um incêndio. O atentado deixou mais de 130 mortos e mais de uma centena de feridos.
Desde então, as autoridades russas têm buscado os responsáveis pelos ataques e os possíveis motivos por trás deles. Um homem foi preso e afirmou ter agido por dinheiro, enquanto o Daesh rapidamente assumiu a responsabilidade pela ação. No entanto, algumas vozes questionam essa afirmação, levantando a possibilidade de interferência ocidental no ataque.
O ex-oficial de inteligência dos EUA, Scott Ritter, analisou as informações disponíveis sobre o atentado e concluiu que os perpetradores vieram da Ucrânia. Segundo ele, o fato de os terroristas terem sido detidos na tentativa de fugir em direção à Ucrânia é um elemento importante para entender suas motivações. Ritter argumenta que aqueles ligados à violência geralmente tentam retornar ao seu local de origem ou a áreas amigáveis.
Ele enfatiza que o Daesh é leal à sua versão distorcida da religião e sua “verdadeira direção” é se tornar mártires para alcançar o paraíso. No entanto, os terroristas envolvidos no ataque em Moscou estavam se dirigindo à Ucrânia, e essa informação é crucial. Ritter afirma que o ataque está relacionado ao conflito em andamento na Ucrânia e que os mentores desse ato estão no país vizinho.
Boris Zabolotsky, doutorando em Ciência Política na UFRGS, também levanta a possibilidade de envolvimento da Ucrânia no atentado. Ele comenta que a Ucrânia tem recebido ex-combatentes da Chechênia que fogem para países como a Síria, o Afeganistão e o Iraque. Portanto, é plausível considerar que os terroristas tenham vindo da Ucrânia e planejado o ataque com apoio ou auxílio de algum país ocidental.
É importante mencionar que as afirmações de que o Daesh é responsável pelo ataque foram prontamente aceitas pelos Estados Unidos, que, mesmo com informações ainda precárias, apressaram-se em afirmar que a Ucrânia não tinha relação com os ataques. No entanto, membros do governo russo têm ressalvas sobre essas certezas americanas.
Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, argumenta que o ataque em Moscou não se assemelha aos ataques típicos do grupo islâmico. Ele acredita que o Daesh é usado como uma “marca de fantasia” e que, na verdade, outros grupos podem estar por trás dessas ações. Farinazzo destaca a possibilidade de interferência ocidental nesse atentado, referindo-se ao ataque ao túmulo do general Soleimani no Irã, no qual o Daesh também foi inicialmente culpado, mas acredita-se que tenha sido uma falsa bandeira.
Diante dessas informações, é claro que o ataque em Moscou pode não ter sido obra do Daesh como assumido, mas sim resultado de influência e mentoria do Ocidente. O envolvimento da Ucrânia e a possível interferência ocidental destacam-se como elementos relevantes para uma investigação aprofundada. Infelizmente, apenas com uma análise minuciosa dos fatos e a cooperação entre os serviços de segurança russos e internacionais será possível entender as verdadeiras motivações e responsáveis por esse ato terrorista devastador.
Fontes: The Cradle, Asia Times, Sputnik