O deputado federal Chiquinho Brazão, mencionado em delações que foram validadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tem se destacado pela variedade de visitantes em seu gabinete, que vai desde um miliciano acusado de duplo homicídio até a esposa de um líder do Comando Vermelho (CV) condenada por associação ao tráfico de drogas.
Antes de se tornar deputado, quando exercia o cargo de vereador, Brazão teve um encontro com Cristiano Girão, miliciano conhecido, em 7 de março de 2018, pouco antes do assassinato de Marielle Franco, com quem compartilhava o ambiente da Câmara do Rio de Janeiro. Tanto Girão quanto Ronnie Lessa, apontado como o executor de Marielle, serão julgados juntos por outro caso de homicídio. Girão, preso desde 2021, foi líder de uma milícia que dominava territórios anteriormente sob controle do CV na zona oeste do Rio.
Em março de 2023, já atuando na Câmara dos Deputados em Brasília, Brazão recebeu Luciane Farias, esposa de Clemilson Farias, conhecido como Tio Patinhas, importante nome do CV no Amazonas. Condenada a 10 anos por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico, Luciane responde em liberdade aguardando recurso. Documentos indicam que as visitas ao gabinete do deputado ocorreram consecutivamente nos dias 14 e 15 de março.
A ligação de Chiquinho Brazão com figuras controversas foi trazida à luz pela primeira vez pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles. A menção a Brazão nas delações levou o caso para análise do STF devido ao seu foro privilegiado.
A relação de Girão com Brazão foi confirmada pelo próprio em entrevista, onde mencionou a visita como uma conveniência enquanto acompanhava sua esposa em compromissos médicos na cidade.
O gabinete de Brazão, questionado sobre o propósito do encontro com Luciane Farias, ainda não respondeu. Durante suas visitas a Brasília, Luciane também se encontrou com outros deputados, demonstrando ativismo por melhores condições a presidiários e seus familiares.
Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, ambos envolvidos em diferentes aspectos nas investigações do caso Marielle, mostraram apoio a candidatos distintos nas eleições presidenciais, refletindo suas trajetórias políticas divergentes. Domingos, atualmente no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), apoiou Dilma Rousseff em 2014, enquanto Chiquinho esteve ao lado de Jair Bolsonaro em 2022.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!