- Com ‘made-in-China’ sob pressão dos EUA, investigações comerciais mexicanas despertam preocupações sobre restrições.
- O México impôs uma tarifa provisória aos produtores chineses de pregos de aço na sexta-feira, tendo também imposto tarifas sobre esferas de aço importadas da China no início deste mês.
- Analistas dizem que o México está sob pressão dos EUA, sendo provável que Washington aumente as medidas destinadas a limitar as exportações chinesas e os fluxos de investimento para o México.
As tarifas mexicanas sobre produtos siderúrgicos chineses indicam uma disposição para acomodar as demandas dos EUA, disseram analistas, com restrições comerciais adicionais no período que antecede as eleições presidenciais de novembro, destinadas a aumentar as preocupações dos produtores e investidores chineses.
O Ministério da Economia do México impôs um direito compensatório provisório de 31 por cento aos produtores chineses de pregos de aço na sexta-feira, de acordo com o Diário Oficial da Federação, após concluir uma investigação antidumping iniciada em setembro.
As empresas chinesas ainda têm a oportunidade de recorrer, mas as tarifas surgiram menos de duas semanas depois de o México também ter imposto taxas entre 3,68 e 12,35 por cento sobre esferas de aço importadas da China, após a conclusão de outra investigação anti-dumping.
E de acordo com a China Trade Remedies Information, uma agência de monitorização afiliada ao Ministério do Comércio, mais de 240 casos semelhantes foram movidos contra empresas chinesas nos últimos anos, representando cerca de um décimo dos casos movidos pelos EUA.
Os EUA provavelmente aumentarão as medidas destinadas a reduzir o aumento das exportações chinesas e dos fluxos de investimento estrangeiro direto para o México
Inteligência de Mercado Global da S&P
“Os dados comerciais continuam a indicar a participação crescente dos insumos chineses nas exportações com destino aos EUA”, disse a S&P Global Market Intelligence na segunda-feira.
“Os EUA provavelmente aumentarão as medidas destinadas a reduzir o aumento das exportações chinesas e dos fluxos de investimento estrangeiro direto para o México, como as aplicadas ao software de veículos elétricos e aos guindastes portuários.”
Acrescentou que Washington também pode considerar uma revisão comercial do apoio da China à sua indústria de construção naval, após uma petição dos sindicatos dos EUA.
O presumível candidato republicano às eleições de novembro e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, disse durante um comício de campanha em Ohio, no sábado, que iria visar os carros fabricados no México por empresas chinesas com uma tarifa de importação de 100 por cento.
O comércio em valor entre a China e o México aumentou 6% em termos anuais, para 100,2 mil milhões de dólares no ano passado, de acordo com dados alfandegários.
As exportações da China para o México, entretanto, aumentaram 5,1 por cento, para 81,5 mil milhões de dólares, com os principais itens comerciais, incluindo peças automóveis e componentes eletrónicos.
As exportações de componentes automóveis para o México, em particular, aumentaram 260 por cento em 2023 em comparação com as vésperas da guerra comercial EUA-China em 2017, mostraram os dados chineses.
Xu Shicheng, vice-presidente da Sociedade Latino-Americana da China, disse que “não é novidade” que o México imponha direitos anti-dumping sobre produtos chineses.
No entanto, a influência dos EUA continuaria independentemente de Trump ou o atual Joe Biden vencerem as eleições presidenciais no final deste ano.
“O governo americano ainda lançará novas medidas restritivas em relação aos veículos fabricados no México, especialmente aos produtores de veículos elétricos da China ou às joint ventures sino-mexicanas que exportam carros para os EUA”, disse ele.
As importações de transporte de contêineres da China para o México em janeiro aumentaram 60% ano a ano, de acordo com a plataforma de inteligência e benchmarking de taxas de frete marítimo Xeneta.
Essa rota comercial tem “alimentado ainda mais as suspeitas de que se tornou uma ‘porta dos fundos para os EUA’”, acrescentou a empresa.
O crescimento anual do transporte marítimo de contentores entre a China e o México aumentou 34,8 por cento em 2023, em comparação com um aumento de 3,5 por cento em 2022, de acordo com Xeneta.
O México também irá às urnas em junho para decidir seu próximo presidente, com a candidata do partido no poder, Claudia Sheinbaum, liderando contra o oponente Xochitl Galvez, de acordo com as últimas pesquisas.
“O problema é que o défice comercial do México em relação à China está a aumentar para quase 100 mil milhões de dólares… para o tamanho do México, isto é enorme”, disse Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico da Natixis.
Garcia-Herrero observou que Biden é “colaborativo” para fazer acordos sobre imigração em troca da redução do investimento estrangeiro direto da China no México.
“Se Trump vencer, [a situação] poderá ser diferente… porque Trump não dará nada ao México”, acrescentou ela.
Por Kandy Wong, no South China Morning Post
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