A recente pesquisa do Datafolha de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo indicam um cenário de disputa acirrada entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), com ambos tecnicamente empatados.
No levantamento divulgado pelo instituto há quase 10 dias, Boulos registra 30% das intenções de voto, enquanto Nunes aparece com 29%. Seguem na disputa Tabata Amaral (PSB) com 8%, Marina Helena (Novo) com 7%, e Kim Kataguiri (União Brasil) com 4%.
A pesquisa, conduzida pelo Datafolha nos dias 7 e 8 de março, com 1.090 entrevistas e margem de erro de três pontos percentuais, mostra uma notável polarização eleitoral, refletindo a divisão política do país.
Surpreendentemente, Nunes tem maior apoio entre os eleitores do presidente Lula (PT) do que Boulos entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com 21% e 9%, respectivamente.
Esta distribuição de intenções de voto sugere uma complexa dinâmica eleitoral, onde Nunes consegue penetrar mais eficazmente no eleitorado potencialmente favorável a Boulos.
Entre os votantes de Lula no segundo turno de 2022, 19% indicam preferência por Nunes, enquanto apenas 10% dos eleitores de Tarcísio de Freitas expressam intenção de votar em Boulos.
Analistas políticos observam este fenômeno como um “paradoxo de associação“, onde eleitores de Lula não veem Nunes como completamente alinhado a Bolsonaro, enquanto os bolsonaristas atribuem a Boulos características negativamente associadas a Lula.
Felipe Nunes, cientista político da UFMG, destaca a importância das campanhas em redefinir essas percepções nos próximos meses.
“Embora o eleitor do Lula carregue um sentimento antibolsonarista muito forte, ele não está suficientemente convencido de que Nunes tem todos os defeitos de Bolsonaro”, avaliou. “Já os bolsonaristas estão convencidos de que Boulos tem todos os defeitos do Lula e mais alguns”, emendou o cientista.
Com o apoio de figuras políticas importantes, como a ex-prefeita Marta Suplicy, que se juntou à chapa de Boulos como vice, a disputa promete intensificar-se, focando em temas cruciais como segurança pública, mobilidade e habitação.
Ainda assim, uma parcela considerável do eleitorado permanece indecisa ou desconhece os candidatos apoiados pelos líderes políticos nacionais, sugerindo que a campanha eleitoral terá um papel decisivo na definição das preferências dos eleitores paulistanos.