Freire Gomes foi nomeado à contragosto da cúpula do exército já que o general não estava entre os três mais antigos generais de quatro estrelas, Baptista Jr, que viria a comandar aeronáutica, sequer estava entre as primeiras opções, por fim, veio Almir Garnier indicado para comandar a marinha, todos escolhidos a dedo por Braga Netto.
Fica a grande pergunta: como chegaram lá? O momento não era dos melhores, os três comandantes anteriores caíram junto com o general Azevedo e Silva por não aderirem a um plano amalucado do então presidente Jair Bolsonaro que buscava decretar um estado de defesa para tentar sustas as ações de combate à pandemia de covid-19 que na época, matava brasileiros aos montes.
Como comentei em um artigo anterior, os “legalistas”, como Freire Gomes e Baptista Jr. que sempre foi um militante de extrema direita inveterado nas redes sociais, permaneceram silentes e até mesmo complacentes com cada um das afrontas à República que ocorreram desde que assumiram o comando das forças.
Todos atribuem a nomeação da tríade de comandantes à Braga Netto, inclusive na cúpula das três forças e que essa escolha passaria por fora do que o alto comando das forças armadas queria. Baptista Jr. afirmou em depoimento que conhecia o general desde 1997, que serviram juntos na Secretaria de Assuntos Estratégicos SAE/PR, no governo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardos, que tinham uma relação muito próxima e que Braga Netto foi muito amigo de seu pai.
Já Freire Gomes que chega como substituto do general Paulo Sérgio Nogueira em 2022 era tido por miliares como um dos generais mais alinhados ao bolsonarismo. Antes de virar comandante, Freire Gomes estava à frente do Comando de Operações Terrestres (Coter) o mesmo que depois ficou sob comando do general General de Exército Estevam Cals Theophilo que, segundo as investigações da PF, estava completamente engajado com a escaramuça golpista de Jair Bolsonaro.
Como o nome Freire Gomes chegou à cúpula do bosonarismo naquele momento é um mistério, a PF não repediu para o general a mesma pergunta que fez para Baptista, sobre o relacionamento dele com Braga Netto.
Até o momento a participação dos generais “legalistas” no golpe é avalizada unicamente pelos depoimentos dos próprios generais e reclamações do ex-candidato à vice de Bolsonaro. Para além disso, ficou o silêncio indecoroso e o fato de só falarem após intimação.
Com ambos os comandantes tendo um histórico de afinidade com o bolsonarismo, algo reconhecido até mesmo entre o oficialato, o que fez com que, ao que tudo indica, declinassem da tal intentona golpista mesmo após tanta complacência com ela?