Autoridades da UE prometem ajuda a país sem dinheiro situado em “vizinhança difícil”
A UE assinou um pacote de empréstimos, subvenções e acordos de cooperação energética no valor de 8 bilhões de dólares com o Egito, com o objetivo de impedir o fluxo de imigração do Norte de África.
Um alto funcionário da Comissão Europeia disse aos jornalistas que o acordo com o Egito, que está passando por uma crise financeira, deverá incluir bilhões em empréstimos nos próximos anos e visa aumentar as importações de energia egípcia para ajudar a Europa a “afastar-se ainda mais do gás russo”.
“O Egito é um país crítico para a Europa hoje e para os dias que virão”, disse o funcionário da comissão, que pediu para não ser identificado, segundo a AFP.
Acrescentou que o país ocupava uma “posição importante num bairro muito difícil, que faz fronteira com a Líbia, o Sudão e a Faixa de Gaza”.
No início de março, o Egito assinou um acordo de 8 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional, após meses de especulação.
O Banco Mundial estimou que quase 30 por cento da população do Egito era pobre em 2019 e muitos outros milhões corriam o risco de cair abaixo do limiar da pobreza.
A inflação global do Egito atingiu 33,7% em dezembro e deverá atingir um pico de 45% no quarto trimestre de 2024, de acordo com o think tank Oxford Economics.
A chefe da UE, Ursula von der Leyen, era esperada no Cairo no domingo, juntamente com os líderes da Áustria, Bélgica, Chipre, Grécia e Itália, para assinar acordos no final do dia com o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi.
Há anos que a UE se preocupa em limitar a migração através do Mediterrâneo a partir do Norte de África e assinou acordos com vários países ribeirinhos para esse efeito.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações da ONU, o Egito já acolhe cerca de nove milhões de migrantes e refugiados, incluindo quatro milhões de sudaneses e 1,5 milhões de sírios.
O responsável da UE disse aos jornalistas que o novo acordo incluiria medidas sobre “segurança, cooperação antiterrorista e proteção das fronteiras, em particular a do sul”, em referência ao Sudão, que está atualmente atolado em conflito.
A Human Rights Watch alertou sobre “prisões arbitrárias e maus-tratos de migrantes, requerentes de asilo e refugiados por parte das autoridades egípcias” e criticou “a abordagem da UE de controle da migração em troca de dinheiro”, que afirmou “fortalecer governantes autoritários ao mesmo tempo que trai os defensores dos direitos humanos”, jornalistas, advogados e ativistas cujo trabalho envolve grande risco pessoal”.
Publicado originalmente pelo Middle East Eye em 17/03/2024 – 11h56