Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, relatou à Polícia Federal que o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, havia advertido que prenderia o então presidente Jair Bolsonaro caso ele tentasse executar um golpe de Estado.
Esse depoimento, divulgado pela Folha, faz parte do inquérito das milícias digitais que investiga a discussão de uma tentativa de golpe após o segundo turno das eleições de 2022, com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Baptista Júnior, a ameaça de prisão foi feita em um contexto onde Bolsonaro considerava atentar contra o regime democrático utilizando mecanismos como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de defesa ou estado de sítio.
O depoimento destaca que tanto Freire Gomes quanto Baptista Júnior expressaram oposição a qualquer ruptura institucional, enquanto Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, teria se mostrado disposto a apoiar as propostas apresentadas por Bolsonaro.
O ex-comandante da Aeronáutica também mencionou que, em reuniões com Bolsonaro e outros líderes militares, deixou claro que não apoiaria nenhuma tentativa de golpe ou de permanência do ex-presidente no poder além de seu mandato, observando que Bolsonaro se mostrava “assustado” com essas posições.
O inquérito também revela que a minuta golpista encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, corresponde à versão discutida nessas reuniões, evidenciando uma coordenação para uma potencial tentativa de golpe. Até o momento, nem Bolsonaro, nem Torres, nem Garnier responderam às alegações.
Esta investigação se soma a outras ações judiciais enfrentadas por Bolsonaro, incluindo uma condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques ao sistema eleitoral, tornando-o inelegível até 2030. Dependendo do desenrolar das investigações sobre a tentativa de golpe, Bolsonaro poderia enfrentar uma pena de até 23 anos de prisão, além de uma extensão de sua inelegibilidade.