Enquanto a Globo promove uma violentíssima campanha contra a iniciativa da Petrobrás de reativar fábricas de fertilizantes, o Brasil continua gastando dezenas de bilhões de dólares, por ano, com importação deste produto. É um dos itens mais pesados da nossa balança comercial.
Segundo dados oficiais, o Brasil importou, no acumulado dos últimos 10 anos (2014 a 2023), um total de 110 bilhões de dólares em fertilizantes, o que corresponde, em reais, a R$ 552 bilhões.
A jornalista Malu Gaspar, citando um relatório obscuro de um servidor anônimo do TCU, informa que a operação da Petrobrás para reativar duas importantes fábricas de fertilizantes daria um prejuízo de R$ 500 milhões.
A reportagem manipula a informação para tratar essa previsão tosca (o que o TCU entende de fertilizantes?), feita por um órgão que não tem, obviamente, expertise para fazer esse tipo de análise, como um “prejuízo” já contabilizado pela Petrobrás.
O Brasil importa quase 90% dos fertilizantes de que precisa para manter viva a sua agropecuária. Vale lembrar que tanto o agronegócio quanto a pecuária dependem de fertilizantes, porque os animais de abate precisam de ração, que por sua vez é produzida a partir de plantas cultivadas com fertilizantes.
O maior fornecedor de fertilizantes para o Brasil é a Rússia, que está em guerra com a Ucrânia. Qualquer disrupção da entrega do produto russo paralisaria a produção agropecuária nacional, causando uma crise econômica, cambial e alimentar de imensas proporções no país.
Não é razoável, portanto, que o Brasil deixe de investir em fábricas nacionais de fertilizantes, porque um burocrata imbecil do TCU acha que vai dar “prejuízo”…
Abaixo, alguns gráficos.
De fato, as despesas com a importação de fertilizante explodiram em 2022, em virtude da guerra na Ucrânia e do aumento no preço internacional desses produtos. O preço médio da tonelada de fertilizante importada pelo Brasil passou de US$ 350 em 2021 para US$ 620 em 2022. Em 2023, voltou à média dos anos anteriores, ficando novamente em torno de US$ 350 por tonelada.
A tal Unigel, que arrendou as fábricas da Petrobrás em 2022, durante o governo Bolsonaro, paralisou a produção este ano alegando que os preços caíram. Ora, isso é uma palhaçada! Quer dizer que a Unigel só está disposta a produzir fertilizantes se estes estiverem a um preço absurdamente acima da média dos últimos anos?
Uma empresa que está disposta a entregar para o país um produto tão fundamentalmente estratégico para o país precisa ter mais responsabilidade!
É inacreditável que a Globo tenha uma visão tão superficial e irresponsável sobre o setor de fertilizantes.
Espera-se que o TCU não volte à prática, tão comum durante a “era lavajatista” de se imiscuir na economia brasileira. Porém, mais importante que isso, uma corporação midiática como a Globo, que recebe milhões e milhões de reais de publicidade do governo federal, não deveria voltar a agir, como fez durante a Lava Jato, contra a ordem econômica nacional!