A relação entre Argentina e Venezuela enfrenta uma crise diplomática crescente, marcada pelo recente fechamento do espaço aéreo venezuelano para voos provenientes da Argentina.
O governo venezuelano tomou essa decisão em retaliação à apreensão de um Boeing 747 da Emtrasur, subsidiária da Conviasa, pela Argentina a pedido dos Estados Unidos, acusando a aeronave de ter conexões com a Guarda Revolucionária do Irã.
O incidente, que ocorreu em junho de 2022 em Córdoba, Argentina, com a aeronave transportando peças automotivas do México, intensificou as tensões bilaterais.
Os EUA afirmam que o avião, adquirido pela Emtrasur da iraniana Mahan Air (sob sanções americanas), era utilizado em operações de apoio às Forças Quds.
Após a detenção e posterior liberação da tripulação, composta por venezuelanos e iranianos, uma decisão judicial argentina em fevereiro determinou a entrega da aeronave aos EUA, considerando a violação das normativas norte-americanas de controle de exportações.
Esta ação exacerbou o descontentamento do presidente venezuelano Nicolás Maduro, especialmente após o desmantelamento do avião pelas autoridades dos EUA.
Em resposta, Maduro ordenou o fechamento do espaço aéreo venezuelano a aviões argentinos, exigindo compensação pelos danos causados. A medida afeta significativamente operações aéreas argentinas, incluindo rotas importantes para os EUA e a República Dominicana.
O governo do presidente argentino Javier Milei, que ascendeu ao poder em dezembro de 2023 e tem criticado Maduro, anunciou que responderá às ações venezuelanas com medidas diplomáticas. O porta-voz de Milei, Manuel Adorni, enfatizou que a Argentina não tolerará extorsão e reforçou o compromisso do país contra o terrorismo.
As declarações do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, acusando o governo argentino de práticas “neonazistas” e de submissão imperial, adicionam combustível à já tensa relação entre as duas nações sul-americanas. Até o momento, a Boeing não emitiu comentários sobre o caso.