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Portugal vira à direita, mas diz “Não!” à extrema-direita em ascensão

Portugal elege a direita, mas é uma direita que diz ‘Não’ à extrema-direita. Nas eleições legislativas que ocorreram no último domingo (10), Portugal presenciou uma alternância de poder, com a Aliança Democrática (AD), coligação liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, conseguindo uma estreita margem de vitória sobre o Partido Socialista (PS). Com 99% […]

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EBC

Portugal elege a direita, mas é uma direita que diz ‘Não’ à extrema-direita.

Nas eleições legislativas que ocorreram no último domingo (10), Portugal presenciou uma alternância de poder, com a Aliança Democrática (AD), coligação liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, conseguindo uma estreita margem de vitória sobre o Partido Socialista (PS). Com 99% das urnas apuradas, a AD assegurou 79 deputados e 28,66% dos votos, enquanto o PS conquistou 77 deputados e um resultado de 28,70%, segundo o jornal Público.

No entanto, o resultado final só será conhecido após a contagem das cédulas vindas do exterior, especialmente do Brasil e da França, que será realizada entre os dias 18 e 20 de março. Apesar disso, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, já admite a derrota nas eleições.

Após oito anos de governo socialista, Portugal passou por uma mudança à direita. Além do bom desempenho da Aliança Democrática, o partido de extrema-direita Chega obteve um salto de crescimento, com 18,1% dos votos, em comparação aos 7,2% alcançados em 2022. O Chega teve um avanço significativo em todo o território português, inclusive vencendo no Algarve, e viu seus representantes no Parlamento crescerem de 12 para 46 deputados, incluindo Marcus Santos, o primeiro brasileiro eleito na história para a Assembleia da República. A legenda recebeu mais de 1 milhão de votos. Acabando assim com o mito de que Portugal estava “imune” a esse movimento de extrema direita que está passando o Ocidente.

Com 77 assentos no Parlamento, a Aliança Democrática tornou-se a maior força política de Portugal, enquanto o PS ficou com 74. Especialistas apontam que essa nova composição terá reflexos importantes nas políticas que serão adotadas nos próximos meses, especialmente nas questões relacionadas à imigração.

Um dos deputados eleitos pelo Chega, o brasileiro Marcus Santos, defende uma política rígida de controle na entrada de cidadãos estrangeiros em Portugal, em especial aqueles oriundos de países muçulmanos.

A grande incógnita agora é se a Aliança Democrática irá formar uma coalizão com o Chega para obter a maioria parlamentar e indicar o próximo primeiro-ministro de Portugal. Poucos dias antes das eleições, o líder da AD, Luís Montenegro, afirmou categoricamente que não havia a menor possibilidade de seu grupo se aliar à ultradireita. “Não é não”, enfatizou.

No entanto, há uma grande divisão dentro do próprio partido de Montenegro, havendo uma ala que defende a união com o partido comandado por André Ventura. Ventura, por sua vez, já demonstrou disposição para um acordo com a Aliança Democrática, ressaltando que os portugueses desejam uma liderança compartilhada no país. Segundo ele, as eleições de domingo marcaram o fim do bipartidarismo em Portugal, e é responsabilidade da direita formar um governo. “A direita precisa ser responsável com o país. Apenas um ato de irresponsabilidade, permitindo ao Partido Socialista governar, pode afastar um acordo”, afirmou Ventura.

Com 29,49% dos votos e 79 deputados eleitos, a Aliança Democrática, coligação que restabeleceu a presença do CDS no Parlamento português, foi a grande vencedora da noite eleitoral em Portugal. Este deverá ser um governo minoritário, que ainda precisará ser aprovado por Marcelo Rebelo de Sousa, com algumas figuras de esquerda, como Ana Gomes, apontando o presidente como responsável pelo possível caos que a próxima assembleia fragmentada possa trazer. A AD obteve vitórias no norte do país, mas perdeu em Lisboa e no sul. O PS perdeu deputados para a direita na maioria dos distritos. Para muitos, essa votação é explicada pelo resultado da maioria absoluta anterior dos socialistas. A vitória da AD é a mais apertada da história, com pouco mais de 200 mil votos separando as duas forças mais votadas.

“Não é não!”, repetiu Montenegro em seu discurso de vitória, reforçando a rejeição da AD a uma possível aliança com o Chega para garantir um governo mais estável. O partido de Ventura, que considera o resultado das eleições como o fim do bipartidarismo em Portugal, quadruplicou seu número de deputados para 48.

O PS, que ficou em segundo lugar, aceitou a derrota e admitiu a possibilidade de viabilizar a liderança de Montenegro em um futuro governo, mas sem esquecer o papel que desempenharão como força de oposição. Eles não pretendem ser um mero suporte no parlamento, como os outros dois partidos mais votados à direita, Chega e Iniciativa Liberal (IL). Pedro Nuno Santos, no momento da derrota, que não será contestada, prometeu modernizar o partido. A IL afirmou estar disponível para assumir responsabilidades e fazer parte da solução. “Seremos parte de qualquer solução que afaste a direita do governo”, afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda, no momento em que subiu ao palco para reconhecer a vitória da AD, enquanto seu partido terminou em quinto lugar. A CDU e o PAN também elegeram deputados, após o risco de ficarem sem representação.

Com 99 mil votos e a subvenção garantida, o partido ADN alcançou destaque como um dos vencedores da noite eleitoral, que também viu o Livre ganhar o grupo parlamentar que tanto almejou.

Em resumo, a situação portuguesa mostra uma mudança tectônica na forma como a política de Portugal se dará no futuro. Agora as forças de esquerda e de direita estão mais fragmentadas, enquanto que o polo da direita está num claro movimento de radicalização, os polos mais centrais tendem, por medo do radicalismo, a se centralizarem ainda mais, então o que vemos são setores tanto da centro-direita como da centro-esquerda com uma tendência a sinalizarem um para o outro.

Porém isso não é nem um pouco simples. Ao mesmo tempo que a ascensão da direita radical tensiona toda as coligações, ela também cria “micro tensões” dentro destas coligações e dentro dos partidos. Por exemplo, as alas mais radicais da vitoriosa Aliança Democrática defendem fortemente uma aliança com o Chega; enquanto as alas mais à esquerda dos socialistas pressionam para manterem seu posicionamento na oposição, abrindo caminho assim para a coligação AD e Chega, mas também permitindo assim que se faça uma oposição mais forte, e em caso de um fracasso das novas políticas tanto a AD como o Chega arcariam com as consequências eleitorais deste fracasso, enquanto a esquerda poderia sair fortalecida, mas de certa forma isso soa muito parecido com a política do “quanto pior melhor”, o que na prática pode acabar neutralizando um pouco essas forças, que apenas se contentarão em pedir uma postura mais radical de oposição e negar qualquer participação no governo de centro-direita.

Veremos nos próximos meses, e até anos, os impactos dessa última eleição de domingo, que marcará a história política de Portugal.

Fontes: El Trapezio, ICL Notícias

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Patriotário

12/03/2024 - 06h58

O wxtremista de direita não passa de uma anomalia humanoide, um desviado de caráter orgulhoso e teimoso com toda burrice e idiotia que uma criatura pode acumular.
Um exemplo límpido são os três canalhas que tentaram explodir um caminhão tanque no aeroporto de Brasília.
Nada, ninguém, nem argumento, nem qualquer Lei fará com que vejam como são assassinos robotizados, com motivações escondidas em seus buracos ocos, lixos humanos, toxinas que andam e falar em grupos de WhatsApp direitistas, cadelas insanas no planeta.


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