Depois do governo e da Câmara dos Deputados passarem pelo dia mais confuso do ano (por enquanto) com a briga pelas comissões permanentes da casa, ficou ainda mais estridente que o governo está completamente perdido em sua articulação política. O Partido dos Trabalhadores (PT) se preocupou tanto em manter os bilhões do orçamento na saúde que deixou passar diante dos seus olhos o PL e seus extremistas que ficaram com palcos importantes.
E quando se fala em articulação política a Geni das críticas é sempre o ministro das Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha (PT) que é alvo recorrente das frituras capitaneadas pelo PT da Bahia e sistematicamente boicotado pela Casa Civil e pelo líder do governo, o deputado José Guimarães. Mas eu não vou me aprofundar nisso, já escrevi sobre as inúmeras sabotagens que foram feitas contra o ministro em outros artigos (aqui e aqui).
Na tarde de ontem, mesmo com Lira, presidente da Câmara, disposto a barrar os nomes dos extremistas nas comissões, o líder do governo na câmara não titubeou em dar o sinal verde para que o acordo firmado (sem extremistas nas comissões) fosse deixado de lado.
Acontece que outro aspecto ainda mais preocupante da desorganização da articulação politica do governo vem de um fato revelado pela jornalista Daniela Lima: na noite desta quarta-feira (6), Lula teria ficado surpreso com os nomes escolhidos pelo PL para presidir as comissões. E é essa surpresa que acende a luz vermelha.
As discussões sobre as comissões permanentes acirraram no início do ano, o cenário calamitoso que se desenhou ontem já era anunciado com brevidade! Como Lula ficou surpreso?
Ou está sendo mal assessorado pelas lideranças ou ele próprio deu de ombros para o tema enquanto pisava numa casca de banana com a Venezuela.
No senado, parlamentares da base governista estão extremamente inconformados com o fato de a oposição não passar de 30 senadores e mesmo assim o governo sofrer na casa com determinadas matérias. Não é de hoje que não faltam reclamações sobre líder do governo no senado, o senador Jaques Wagner (PT) a quem acusam de deixar o governo cego e os senadores no escuro.
E mesmo como líder de bancada, foi capaz de dar um voto (em suas palavras) meramente pessoal na PEC que limita ações do Supremo Tribunal Federal (STF), recentemente, enquanto Lula dizia que era contra a PEC que acaba com a reeleição para senadores, Jaques falava aos quatro cantos que era favorável à PEC.
Com as lideranças do governo, seja no senado, seja na câmara, preocupados apenas com demandas que passam bem longe do governo e ao que tudo indica, para Lula está bom assim, já que os parlamentares seguem nos seus cargos mesmo com os seguintes episódios onde o governo encampou derrotas fragosas no Congresso Nacional.
O problema está para além da falta de articulação política, falta vontade política, o PT não carece de hábeis articuladores e políticos de qualidade (Padilha é um deles), falta vontade em realmente querer encarar um Congresso hipertrofiado por quatro anos de um presidente mandrião que abriu mão de suas prerrogativas como governante e as delegou aos parlamentares.
Falta vontade política para fazer política.