É bom evitar qualquer análise dramática dessa pesquisa Atlas Intel. Se ela acende alguns sinais amarelos para o governo, também não é nenhum desastre.
A aprovação do desempenho pessoal do presidente se mantém relativamente alta, em 47,4%, contra 45,9% de desaprovação. Entre seus próprios eleitores, Lula ainda é aprovado por 87% (outros 6% dos eleitores de Lula disseram que não o aprovam, e 7% são indecisos).
Olhando para o histórico, vemos que a desaprovação só baixou em janeiro, quando chegou a 43%, mas de julho a dezembro o índice era o mesmo de agora, 46%. Na verdade, em novembro estava até pior que agora, em 47%. Ou seja, nada mudou no campo da rejeição.
A aprovação positiva, por sua vez, havia chegando no apogeu em janeiro, quando bateu em 52%, mas nos meses anteriores, oscilou em torno de 50%. Houve perda de aproximadamente 3 pontos sobre essa média – e isso não é nenhuma catástrofe.
Os números estratificados mostram que Lula ainda é muito bem avaliado entre seus próprios eleitores. Segundo a Atlas, 87% dos eleitores de Lula no segundo turno de 2022 continuam aprovando o desempenho pessoal.
Mas houve um recuo na penetração que Lula havia conseguido fazer na base bolsonarista, e ele também perdeu um pouco do apoio que vinha construindo junto ao eleitor que não foi votar em 2022. Em janeiro deste ano, Lula era aprovado por 40% desses eleitores que não foram votar; percentual que caiu agora para 28%.
A avaliação positiva do governo Lula (que é uma questão diferente da avaliação do desempenho pessoal do presidente) também sofreu uma queda, e agora está em 38% de ótimo e bom, 4 pontos a menos que os 42% que tinha em janeiro. Mas as notas negativas, de ruim/péssimo, não fugiram da média dos últimos meses. Na verdade, em novembro o governo recebeu 45% de ruim e péssimo.
A Atlas Intel identificou que a questão da segurança pública foi o índice que mais puxou negativamente a avaliação do governo federal. Segundo a pesquisa, 66% dos brasileiros avaliaram a gestão federal na área de segurança pública como ruim ou péssima. Em janeiro, essa avaliação era mal avaliada por 52% dos entrevistados.
Hoje uma maioria de quase 60% avalia a criminalidade e o tráfico de drogas como um dos maiores problemas do país. A corrupção fica encostada em segundo lugar, em 59%. A pobreza está bem distante, em 21%.
Essa preocupação, porém, não é recente. A pesquisa mostra um aumento da ansiedade da população com a segurança pública a partir de setembro de 2023, quando ela passa para 57%; a partir daí, ela passa a oscilar entre 59% e 61%.
Bolsonaro, por sua vez, segue estável, com rejeição de 51%, ou seja, um pouco pior que a de Lula, e muito parecida com que apresentava às vésperas do pleito presidencial passado. Sua aprovação também não tem mudado; na pesquisa divulgada hoje, ele tem 44% de avaliação positiva, igualmente um pouco pior que a de Lula.
Conclusão
A Atlas Intel confirma a pesquisa divulgada ontem, da Quaest. Houve uma pequena deterioração da aprovação de Lula e do governo, muito concentrada em mulheres evangélicas, provavelmente em função da campanha bem sucedida de lideranças religiosas bolsonaristas de manipulação das falas do presidente sobre Israel.
A aprovação do desempenho pessoal do presidente ainda se mantém relativamente elevada, em 47%, e sua rejeição segue rigorosamente a mesma da maior parte do ano de 2023. Essa pequisa, assim como a outra, identifica um declínio do entusiasmo inicial com o novo governo, mas os índices de aprovação do desempenho pessoal de Lula, entre seu próprio eleitorado permanece altíssimo, em 87%. Como disse em relação a Quaest, a lua de mel pode estar acabando, mas o amor continua firme.
O governo deve redobrar os cuidados, todavia, com a área de segurança pública e combate à corrupção. A pesquisa mostra que esses são os pontos que mais estão preocupando, no momento, a sociedade brasileira.
Clique aqui para baixar a íntegra da pesquisa Atlas divulgada hoje.