No mês de fevereiro, o mercado cambial argentino presenciou uma notável inversão na trajetória do dólar paralelo, conhecido localmente como dólar azul, que registrou uma queda de aproximadamente 14%.
Este movimento contrasta com as tendências de alta observadas até janeiro, com a moeda fechando o mês valorizada a mais de 1.000 pesos argentinos.
Segundo análise do economista Martín Kalos em entrevista à Sputnik, a queda pode ser atribuída à necessidade de famílias argentinas venderem parte de suas economias em dólar para cobrir despesas correntes e custear as férias. Contudo, Kalos alerta para a possibilidade de uma nova desvalorização nos meses de março e abril.
O fenômeno, conhecido como “veranito” cambial, é típico dos primeiros meses do ano, quando há uma troca de dólares por pesos argentinos para financiar gastos de veraneio.
Essa situação reflete uma redução na capacidade de poupança das famílias, impactada pela queda nos salários reais e a alta inflação, que, apesar de desacelerar, ainda apresenta índices elevados.
Kalos ressalta a importância de acompanhar a evolução da política cambial do governo argentino, especialmente diante das restrições à compra de dólares e a valorização contínua da taxa de câmbio real. O economista prevê que o governo precisará ajustar sua estratégia cambial, optando entre uma desvalorização gradual ou abrupta do peso, para manejar a crescente diferença entre as taxas de câmbio oficial e paralela.
A situação atual sinaliza um momento de incerteza para o mercado cambial argentino, com possíveis implicações para a economia do país e para o cotidiano das famílias que dependem do acesso à moeda estrangeira para suas necessidades financeiras.