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Acuado e Bolsonaro tentam agitar base em manifestação

Investigado por tentativa de golpe de Estado, ex-presidente reúne apoiadores e aliados políticos em ato na Avenida Paulista. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro participaram neste domingo (25/02) de uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Convocado pelo próprio ex-presidente, o ato ocorreu num momento em que Bolsonaro enfrentou o avanço de uma série de […]

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Nelson Almeida/AFP/ Getty Images

Investigado por tentativa de golpe de Estado, ex-presidente reúne apoiadores e aliados políticos em ato na Avenida Paulista.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro participaram neste domingo (25/02) de uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Convocado pelo próprio ex-presidente, o ato ocorreu num momento em que Bolsonaro enfrentou o avanço de uma série de investigações e o temor crescente entre seu círculo de que sua prisão estará na próxima.

Vestidos de verde e amarelo e, em alguns casos, empunhando bandeiras de Israel, apoiadores do ex-presidente encheram algumas quadras da Avenida Paulista para acompanhar um discurso do político de extrema direita, que está inelegível até 2030, mas mantém o capital político mesmo após perder a reeleição, em 2022.

Acompanhado pelos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), Bolsonaro aproveitou o ato para se pintar como vítima de perseguição e negar que tenha orquestrado uma tentativa de golpe .

“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, disse Bolsonaro. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência.”

O ex-presidente ainda defendeu uma anistia aos seus apoiadores que foram presos durante a invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. “O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. nós viveremos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do Parlamento brasileiro (…) uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília”, disse.

Apoiadores do político de extrema direita foram instruídos a evitar faixas e cartazes contra o STF | Nelson Almeida/AFP/Getty Images

Segundo um grupo de pesquisadores da USP, 185 mil apoiadores do ex-presidente participaram do ato; nos cálculos da Polícia Militar, foram 600 mil.

Instruções para evitar ataques ao STF

O tom usado pelo ex-presidente foi mais contido do que nas manifestações anteriores. Bolsonaro, por exemplo, evitou direcionar ataques diretamente a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como fez no passado, e também não diretamente dirigido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes do ato, Bolsonaro pediu aos seus apoiadores para não levarem faixas e cartazes “contra quem quer que seja” para o ato, numa tentativa de evitar novas tensões com a Justiça. Em atos anteriores, não era incomum ver bolsonaristas com faixas com ataques e ofensas a ministros do STF e pedidos de “intervenção militar” (um eufemismo para golpe de Estado).

Por outro lado, em seu discurso, o ex-presidente reclamou do TSE, que o declarou inelegível, e criticou o STF pelas penas a condenados em 8 de janeiro de 2023. Outros membros do seu círculo que também discursaram, como o pastor ultraconservador Silas Malafaia, foram mais diretos em críticas a alguns ministros da suprema corte, como Alexandre de Moraes.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também discursou. No dia 8 de fevereiro, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) por posse de arma irregular.

Até o momento em que cerco se fecha

O ato deste domingo foi convocado por Bolsonaro no dia 12. No início do mês, o ex-presidente foi alvo de uma operação de busca e apreensão pela Polícia Federal no âmbito de uma investigação por suspeitas de tentativa de golpe de Estado. Ele também é alvo de investigações por fraude em cartão de vacinação, entrada irregular de joias sauditas no país e participação num esquema de milícias digitais para atacar adversários políticos. Na última quinta-feira, ele pediu silêncio em depoimento à PF.

A situação do ex-presidente se complicou mais nas últimas semanas , após a divulgação de provas da sua participação na trama golpista. Entre as evidências estão um texto encontrado na sala de Bolsonaro na sede do PL em Brasília, que trata de uma proposta de decretação de estado de sítio e de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) , que seria uma das diversas ” minutas golpistas” produzidas pelo círculo de Bolsonaro depois da derrota no pleito de 2022.

As investigações da PF também demonstraram que Bolsonaro, quando ainda ocupava a Presidência, pediu ajustes num desses documentos, que continham um plano para a prisão de Alexandre de Moraes. Outra prova divulgada envolve a gravação de uma reunião ministerial em 2022 na qual Bolsonaro instiga seus ministros a lançar ataques ao sistema eleitoral do país.

Caravanas

Ao contrário de três anos atrás, não houve protestos em todo o país. Bolsonaro e seus apoiadores concentraram os esforços em trazer uma base de apoio para o grande palco popular da capital paulista, para onde viajaram pessoas de diferentes partes do país.

Paula Ferro chegou de Mundo Novo (MS) na manhã deste domingo, após mais de 12 horas de ônibus vindo da fronteira com o Paraguai. Bandeira brasileira na mão e verde-amarelo da cabeça aos pés, se emocionou com o discurso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Vereador por Rio Novo do Sul (ES), Helio Scheidegger passou 12 horas em um ônibus para chegar a São Paulo. O político de 59 anos critica o que chama de aberração das prisões ilegais após as ações de 8 de Janeiro. “Golpe de Estado sem armas? Terrorismo”, questiona. “A história ainda mostrará que a invasão da Praça dos Três Poderes foi orquestrada pela esquerda”, afirma. Apesar de eleito com o uso das urnas eletrônicas, Scheidegger questionou a revisão do sistema que dois anos depois determinou a derrota de Bolsonaro. “Temos o benefício da dúvida porque não houve transparência; por que não abriram o código fonte das urnas”, diz.

Publicado originalmente pelo DW em 26/02/2024

*Com colaboração de Gustavo Basso, de São Paulo

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