Jens Stoltenberg, ex-Primeiro-Ministro da Noruega e atual Secretário-Geral da OTAN, deveria ser demitido imediatamente, antes que seja tarde demais. Ele anunciou que está dando “permissão” à Ucrânia para usar seus futuros caças F-16 para lançar ataques dentro da Rússia.
Isso é equivalente a uma declaração de guerra da OTAN. É uma medida irracional e perigosa que precisa ser rejeitada o mais rápido possível.
Stoltenberg não apenas é um falcão extremista, mas também não compreende o propósito da OTAN. Se ele continuar no cargo, poderá levar a OTAN a uma guerra europeia que pode incluir armas nucleares. Acima de tudo, Stoltenberg não entende que a OTAN é uma aliança defensiva, não ofensiva.
A OTAN tem se desviado do caminho certo há anos. Ela se envolveu em guerras fora do domínio defensivo da OTAN, baseada em uma política rude que agrada aos líderes dos EUA e da Europa, que, de outra forma, são inertes e míopes. Essas guerras, que agora incluem a Ucrânia, estão enfraquecendo as defesas da OTAN e minando a responsabilidade central da aliança, que é proteger o território de seus membros.
Não há disposições no Tratado do Atlântico Norte que autorizem operações ofensivas fora dos limites territoriais.
Agora os russos estão dizendo que muitos dos chamados “mercenários” na Ucrânia são, na verdade, soldados altamente treinados da OTAN. Eles usam uniformes ucranianos com distintivos nacionais. Eles são “necessários” para operar as armas de alta tecnologia que a OTAN enviou para a Ucrânia. Quando os russos recentemente tomaram Avdiivka, encontraram corpos desses mercenários, alguns americanos e outros poloneses.
Anteriormente, eles mataram pelo menos 60 mercenários franceses em um hotel em Kharkiv.
Os franceses denunciaram o ataque, alegando que era desinformação. Mas os franceses também chamaram o embaixador russo para reclamar das mortes francesas na Ucrânia.
A guerra na Ucrânia está rapidamente se transformando em uma guerra da OTAN, não apenas por meio do fornecimento de inteligência, treinamento de tropas e armamentos, mas também pelo fornecimento de técnicos experientes. É simplesmente impossível para a Ucrânia operar sistemas de defesa aérea como o Patriot e o NASAMS, sistemas de lançamento de foguetes como o HIMARS ou apoiar mísseis de cruzeiro britânicos e franceses Storm Shadow sem considerável assistência externa.
A maioria das mortes de pessoal da OTAN é encoberta. Quando são relatadas, geralmente dizem que o “voluntário” estava prestando assistência médica.
Agora os russos estão começando a acreditar que os F-16 entregues à Ucrânia (provavelmente operacionais no início do verão) serão operados por pilotos da OTAN.
Os russos fazem essa afirmação com base em seu próprio histórico. A Rússia vestiu seus pilotos com uniformes chineses para voar os Mig-15 na Guerra da Coreia. Na guerra de atrito em 1970 entre Egito e Israel, os pilotos russos voaram missões, às vezes abertamente (pois apenas russos podiam voar o Mig-25) e às vezes fingindo ser pilotos egípcios.
É extremamente perigoso usar pilotos da OTAN na Ucrânia. Mas agora Stoltenberg deu “permissão” à Ucrânia para voar seus F-16 sobre o território russo. A guerra já foi expandida com drones, mísseis de cruzeiro e foguetes fabricados pela OTAN atacando alvos na Rússia. Adicionar os F-16 é uma expansão qualitativa, pois eles podem atacar cidades russas.
A Rússia não se contentará em apenas derrubar os F-16 voando em nome da Ucrânia. Certamente, eles atacarão as bases aéreas ucranianas (de fato, já estão fazendo isso). Mas será que parará por aí? Provavelmente não: a Rússia interpretará os F-16 voando sobre seu território como uma declaração de guerra contra a Rússia, e de fato, a Rússia já está dizendo isso.
O F-16 é uma excelente aeronave, mas os aviões que a Ucrânia está recebendo têm cerca de 20 anos e não são realmente de primeira linha. É por isso que os países que os fornecem já avançaram. Embora possam ser atualizados com armas mais modernas, computadores de controle de fogo melhores e talvez até radares melhores, eles não são capazes de sobreviver às defesas aéreas russas e aos aviões russos de ponta, como o Su-35. Voá-los sobre a Rússia é, portanto, apenas uma provocação que provavelmente resultará em uma guerra mais ampla se espalhando para a Europa.
A OTAN tem brincado com a Rússia há algum tempo, especialmente ao fornecer sistemas de longo alcance para o exército da Ucrânia. Não há praticamente justificativa militar para isso, uma vez que hostilizar a Rússia só pode levar à escalada e, na maioria das vezes, não fortalece o exército ucraniano, que está cada vez mais carente de mão de obra e munição.
Zelensky provavelmente espera ser salvo por uma intervenção da OTAN. Mas, do ponto de vista da Rússia, a OTAN já interveio e as coisas só podem piorar.
Não está claro quem, se alguém, disse a Stoltenberg para fazer uma declaração tão imprudente sobre o uso dos F-16. O que está claro é que essa “permissão” deve ser retirada e Stoltenberg deve ser demitido.
Stephen Bryen atuou como diretor de equipe do Subcomitê do Oriente Médio do Comitê de Relações Exteriores do Senado e como subsecretário adjunto de defesa para política. Este artigo foi publicado pela primeira vez em seu Weapons and Strategy Substack e é republicado com permissão.
Fonte: Asia Times