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Em artigo, Oliver Stuenkel analisa pressão antigolpe do governo dos EUA em 2022

Segundo Oliver Stuenkel, Professor de Relações Internacionais da FGV, em artigo publicado hoje no Estadão, a pressão antigolpe exercida pelos Estados Unidos em 2022 teve um papel mais significativo no cenário político brasileiro do que inicialmente percebido. Revelações sobre planos antidemocráticos de membros do governo Bolsonaro indicam que a falta de um golpe de Estado […]

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Outro fato questionável foi o emprego de policiais inexperientes, ainda no curso de formação de praças (CFP) Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Segundo Oliver Stuenkel, Professor de Relações Internacionais da FGV, em artigo publicado hoje no Estadão, a pressão antigolpe exercida pelos Estados Unidos em 2022 teve um papel mais significativo no cenário político brasileiro do que inicialmente percebido. Revelações sobre planos antidemocráticos de membros do governo Bolsonaro indicam que a falta de um golpe de Estado se deveu principalmente à ausência de apoio amplo dentro das Forças Armadas brasileiras. Enquanto figuras como os generais Walter Braga Netto e Estevam Teophilo apoiaram a tentativa de Bolsonaro de se manter no poder, outros, como o comandante do Exército, se opuseram.

Stuenkel sugere que uma análise completa dos eventos que marcaram a segunda metade de 2022 deve considerar não apenas fatores domésticos, mas também a influência externa, especialmente a dos Estados Unidos. A administração Biden percebeu o governo Bolsonaro como uma ameaça à democracia brasileira e respondeu com uma campanha diplomática focada nas Forças Armadas, essenciais para a estabilidade democrática do país. Essa iniciativa visava garantir o respeito pelo resultado das eleições presidenciais e envolveu várias agências do governo americano.

A visita de Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, ao Brasil, destacou-se nessa campanha, enfatizando a importância do controle civil sobre as forças militares e a preservação da democracia. A mensagem foi clara: qualquer tentativa de desrespeitar o resultado eleitoral resultaria em consequências significativas para a relação militar entre Brasil e Estados Unidos.

No final, a rápida aceitação dos resultados eleitorais pelo presidente Biden e as declarações do então vice-presidente Mourão contra um golpe militar parecem confirmar a eficácia da pressão exercida pelos EUA. Oliver Stuenkel argumenta que, embora os Estados Unidos não tenham sido os únicos responsáveis por preservar a democracia brasileira em 2022, a campanha diplomática americana foi um fator crucial.

Por fim, o professor da FGV aponta para um paradoxo interessante: Bolsonaro, inicialmente apresentado como pró-americano, e Lula, conhecido por suas críticas à política externa dos EUA na América Latina. Apesar do apoio de Biden à democracia brasileira, a relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos avançou pouco desde o retorno de Lula ao poder, ressaltando a complexidade das relações internacionais e o impacto da diplomacia na manutenção da democracia.

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