A Nigéria, maior produtor de petróleo da África, vive um momento crítico em sua economia dominada pela produção de petróleo e gás, setores que representam a maior parte de suas receitas de exportação.
A maior parte da eletricidade do país é gerada a partir do gás natural, e o uso de geradores a diesel é generalizado. A entrada em operação de uma grande refinaria de petróleo e a raridade de veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares pintam um quadro da atual matriz energética nigeriana.
Nos últimos anos, o setor de petróleo e gás enfrentou desafios significativos, incluindo roubo, sabotagem e percepções de risco político e regulatório, resultando em subinvestimento e na queda da produção petrolífera para os níveis mais baixos em décadas.
Essa redução na produção ocorreu em um momento potencialmente lucrativo, após o aumento dos preços globais do petróleo devido à invasão russa da Ucrânia, representando uma oportunidade perdida para o país.
A situação é agravada pela remoção dos subsídios aos combustíveis pelo presidente Bola Tinubu, que levou ao triplo do custo do combustível para os motoristas, sem perspectivas de redução significativa dos preços no curto prazo. A abertura da Refinaria Dangote é vista com esperança, mas espera-se que tenha apenas um impacto modesto nos preços ao consumidor.
A crise nos combustíveis e a elevação dos custos energéticos têm, contudo, incentivado um interesse renovado pelas energias renováveis, especialmente a solar, dada as condições quase ideais do país para sua implementação. Projetos de energia solar fora da rede estão se tornando mais populares, oferecendo uma alternativa ao uso de geradores poluentes e caros.
O setor petrolífero, que já foi mais próspero, passa por dificuldades agravadas pela saída de empresas internacionais e pelo subinvestimento.
A Lei da Indústria Petrolífera, aprovada em 2021, busca melhorar a governança do setor, mas ainda é incerto se mudará as atitudes dos investidores. O foco agora parece estar no desenvolvimento de projetos de gás, com a Nigéria buscando se posicionar como fornecedor de gás para a Europa.
Apesar da abertura da Refinaria Dangote ser um passo positivo, especialistas alertam para a necessidade de realismo quanto ao seu impacto nos preços dos combustíveis.
A longo prazo, a transição para veículos elétricos e a exploração do potencial de energia solar representam oportunidades significativas para a Nigéria diversificar sua matriz energética e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.
O país enfrenta desafios enormes no setor energético, com cerca de 90 milhões de nigerianos sem acesso à eletricidade.
O desenvolvimento de energias renováveis, particularmente a solar, é visto como uma solução viável para ampliar o acesso à eletricidade e melhorar a sustentabilidade energética.
A implementação de mini-redes solares e o aumento da demanda por energia solar refletem uma tendência crescente, apesar dos obstáculos logísticos e da necessidade de maior capacidade de fabricação local.
O fato é que a Nigéria está em um ponto de inflexão, com a possibilidade de transformar seu setor energético e aproveitar as oportunidades das energias renováveis para superar os desafios atuais e futuros.
Com informações da African Business