Na sessão de ontem o senado federal o senador Jaques Wagner (PT), que lidera o governo na casa, reprovou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que comparou as ações de Israel contra o Hamas ao genocídio cometido pelos nazistas contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.
Wagner, que é de origem judaica, disse que aconselhou Lula a remover essa parte do seu pronunciamento, mas também lamentou as mortes em Gaza. Ficou a cargo do senador Omar Aziz (PSD) fazer uma defesa mais enfática do governo, mesmo não sendo líder do governo.
“Sou amigo do presidente Lula há 45 anos e tive a naturalidade de visitar ele ontem e dizer: não tiro uma palavra do que vossa excelência disse, a não ser o final, porque, na minha opinião, não se traz à baila o episódio do Holocausto para nenhuma comparação, porque fere sentimentos, inclusive meus, de familiares perdidos naquele episódio”, disse Jaques Wagner.
Acontece que a fala do senador gerou irritação em grupos de Whatsapp de assessores da bancada petista que criticaram o senador afirmando que a fala dele passou dos limites, que ele não teria o direito de desautorizar uma “tática” majoritária de apoiar o Lula e dar munição pra ultradireita.
Em outro grupo um comentário chamou a atenção: “mais uma do líder de bancada governista mais independente do governo”.
Não é a primeira vez que Wagner irrita a própria base, ainda no ano passado aliados do governo criticavam o senador nos bastidores por conta da sua posição contraria à CPI da Braskem, conforme relatado por esta coluna.
Também no ano passado, o senador causou espantou ao votar contra a orientação do próprio partido que era contra a pauta anti-STF empreendida pelo presidente do senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Cleiton do Prado Pereira
22/02/2024 - 12h23
Infelizmente dentro do PT tem alguns elementos que insistem em ser mais realistas que o REI. Cujas línguas não cabem nas bocas. Que ainda vão acabar morrendo atingidos por raios, não podem ver um “clarão” que correm para ficar na frente.
Ligeiro
22/02/2024 - 08h18
Um dos males da política é lidar com os “inimigos internos”, aqueles que são tragos pois se valem de uma frase sobre “trazer inimigos para perto”.
Noto que o PT tem muito disso: membros que destoam do partido e muitas vezes são postos como exemplos de que “o partido é democrático” mas na verdade é alguém que provavelmente tem força política e social que consegue ajudar o partido de alguma maneira.
Só que quando atua de forma exposta, demonstra que a linha de raciocínio é bem fora do que o partido defende.
Aí ocorre o que sempre ocorre: parte da dissidência interna resolve se rebelar e pula fora indo ou para outro partido (o que nos tempos atuais é mais fácil) ou criando outro (PSOL é o melhor exemplo, mas nos dias atuais é mais difícil de replicar esta experiência).
Ao menos podemos dizer que o PT tenta se entender e depois arrefecer seus quadros quando necessário, enquanto que é possível ver que em outros partidos, qualquer desavença o político pula fora e vai para outro (as vezes, se for regional, dentro do mesmo polo de partidos que uma liderança local ou regional tomou para si).
(Tirando os de ideologia mais estável como PSOL, que tem menos conflitos internos e não funciona como legenda de aluguel)