Em conversas apreendidas pela Polícia Federal (PF) e incluídas em um inquérito, a possibilidade de prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi motivo de ironia entre militares, conforme reportagem do Globo.
A investigação aponta que essas conversas revelam o reconhecimento, por parte dos envolvidos, da inexistência de fraudes nas eleições. Em uma troca de mensagens, o coronel Romão Corrêa Netto, também investigado, brinca sobre levar comida para Cid caso este fosse preso.
“Sou eu que vou levar McDonald’s pra você na cadeia”, escreveu o coronel para o ex-ajudante de ordens em novembro de 2022.
Cid, respondendo com humor, mencionou estar no Supremo Tribunal Federal (STF) naquele momento, referindo-se a uma visita institucional de Bolsonaro aos ministros da Corte após o segundo turno eleitoral. A defesa de Cid optou por não comentar a relevância da informação, enquanto a defesa de Corrêa Netto não foi localizada para declarações.
Corrêa Netto, identificado como um homem de confiança de Cid, desempenhava funções externas ao Palácio do Planalto que Cid não poderia executar devido às suas responsabilidades oficiais.
Cid foi preso em maio do ano passado por envolvimento em um esquema de inserção de dados falsos de vacinação no sistema do Ministério da Saúde, mas foi liberado em setembro após um acordo de delação premiada.
O coronel Corrêa Netto foi detido na semana passada pela Operação Tempus Veritas da PF, sob suspeita de participação em uma tentativa de golpe de Estado. No momento da prisão, Corrêa Netto estava nos Estados Unidos e foi extraditado ao Brasil.
Os diálogos entre os militares também abordam a busca infrutífera por evidências de fraude eleitoral, com Cid comentando a falta de “bala de prata” nas investigações.
Um diálogo com o coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere destaca a incerteza sobre as ações tomadas, com Cid expressando esperança de não acabar preso. “Espero, sinceramente, que vocês saibam o que estão fazendo”, escreveu o coronel. Cid responde: “Eu também. Senão estou preso”.
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