Desde dezembro, a Argentina experimenta uma escalada de preços colossal, afetando particularmente aqueles que dependem de serviços de saúde e educação privados, conforme reportagem da Folha.
A situação econômica se agravou após medidas tomadas pelo governo de Javier Milei, incluindo a desvalorização da moeda local e o fim dos congelamentos de preços implementados pela administração peronista anterior. Milei admitiu que as medidas iniciais exigiriam “sacrifícios dolorosos” da população.
Para a classe média, esses sacrifícios se traduzem em redução do consumo, mudanças na utilização de serviços básicos e adaptações no orçamento familiar, incluindo a educação dos filhos. Com o aumento previsto das mensalidades escolares entre 30% e 50%, o governo começa a reconhecer a necessidade de assistência a esse segmento da sociedade.
Milei anunciou a implementação de vouchers para ajudar no pagamento de mensalidades e materiais escolares, uma promessa de sua campanha eleitoral. Contudo, detalhes sobre a implementação e o alcance dessa medida ainda são incertos.
Vale lembrar que suas políticas ultraliberais incluem cortes em subsídios de transportes e energia, e uma postura agressiva contra governadores, deputados e sindicalistas, exacerbando tensões políticas.
A ajuda adicional anunciada para famílias de baixa renda, incluindo aumentos significativos no auxílio por filho e no cartão alimentar, contrasta com a pressão sobre a classe média e os trabalhadores informais. Estes últimos, especialmente, encontram dificuldades para ajustar seus rendimentos em um contexto de inflação elevada.
O cenário atual evidencia um realinhamento na estrutura social e econômica da Argentina, com o potencial de ampliar as disparidades entre diferentes segmentos da população. A resposta da sociedade às medidas de austeridade de Milei, e a paciência dos eleitores que o apoiaram em um segundo turno eleitoral, permanecem incertas.