Diante do que foi revelado nas últimas semanas, é possível dizer que existem duas facções distintas dentro da cúpula das forças armadas, que podem ser separadas entre os golpistas (Braga Netto, Villas Bôas e Heleno) e os que acreditam que é dever dos miliares tutelar a sociedade brasileira.
E isso fica ainda mais claro com a mensagem enviada por Braga Netto sobre a “patota do Azevedo e Silva”. Eram dos projetos distintos de poder.
O mandato de Azevedo e Silva no Ministério da Defesa foi marcado pelo aumento da presença militar no governo federal e por uma série de regalias obtidas pelo alto oficialato, em detrimento aos cortes de direitos e congelamento de salários dos servidores públicos civis e até mesmo militares graduados.
Esse projeto de poder começou com o general Etchegoyen a quem é creditado o retorno dos militares para a política durante o governo Temer. Na visão deles o Estado deveria ser aparelhado pelos militares. O famigerado centrão fardado. Esse grupo também tinha como membro do general Villas Bôas que chegou até mesmo a elaborar um projeto de poder e plano de governo militar para até 2035. Em algum momento o general abandonou a sutileza, e ao lado da sua esposa, passou a apoiar o delírio golpista.
Atualmente Azevedo, que é mal visto pelos militares bolsonaristas, é vice-presidente do instituto brasileiro de mineração que dia sim e dia também está em contato com o governo federal.
Isso entra muito em linha com o discurso do atual comandante do exército, o general Tomás Paiva. Aqui cabe apontar que tanto Paiva quanto Azevedo eram muito próximos de Villas Bôas, o atual comandante do exercito, inclusive, ajudou na redação dos tweets que em 2018, ameaçavam o Supremo Tribunal Federal (STF) as vésperas da votação do habeas corpus de Lula, o que habilitaria ele a disputar as eleições daquele ano.
Paiva, que diz ser contra a política na caserna, foi gravado por duas vezes discutindo política e sua conjuntura de maneira escancarada dentro de um quartel. Estranhamente, foram justamente seus discursos cheios de política que o alçaram ao posto atual.
Cabe apontar também que Tomás e Azevedo são da infantaria paraquedista, grupo que vem ganhando cada vez mais força e poder no meio militar.
Porém, entre dar um golpe e negociar com o governo de plantão, é claro que negociar é mais fácil. Porém, em qualquer cenário, ganham os militares, principalmente o generalato. Talvez isso explique a postura silente de omissão dos generais diante das conversas veladas sobre uma tentativa de golpe.
Para a Polícia Federal (PF), a única preocupação é em apurar pontualmente as omissões pontuais de alguns generais como Freire Gomes. Não só o governo como o a PF confiam totalmente em Tomás, que segundo os agentes, está ajudando nas apurações.
Porém, quando questionados sobre essa colaboração, ninguém sabe dizer especificamente o que seria. Ele estaria colaborando apenas por não atrapalhar as operações e apreensões? Dado dia 1 de janeiro de 2023 ele avisou as autoridades competentes sobre a conspiração golpista? Ele está falando tudo que sabe e dando os nomes dos golpistas para a PF? E sigo com mais questionamentos: caso esteja falando tudo o que sabe, ele esperou a PF ir atrás dele ou foi ele quem tomou a iniciativa?
Diante de tudo que está exposto, podemos afirmar que uma facção acabou ganhando dentro deste processo todo e foi a do “centrão fardado”.
Basta ver que os oficiais-generais, responsáveis por politizar as Forças Armadas, não serão afetados pela PEC que restringe militares na política e que está sendo articulada pelo governo federal. A caserna seguirá liberada para aparelhar cargos na administração federal sem qualquer impedimento e as benesses e mamatas seguirão asseguradas.
Cabe o questionamento para os mais atentos: os silentes “legalistas” do exercito brasileiro, onde estariam caso o tal golpe fosse consumado?
carlos
17/02/2024 - 13h41
Nunca imaginei que o exercito de caxias fosse chegar a esse ponto, de se dividir em facçoes criminosas inacreditavel, onde caxias estiver tá arrancando os cabelos da cabeça.