O ex-ministro Ricardo Salles (PL), enquanto tentava viabilizar sua candidatura para a prefeitura de São Paulo, acusava seguidas vezes o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), de querer apenas os votos do ex-presidente Jair Bolsonaro sem de fato querer ter algum compromisso com o bolsonarismo.
Embora o atual prefeito boicote o direito ao aborto em casos previstos em lei, condecore padres por combate à ideologia de gênero e faça outros acenos ao extremismo, parece que a sua equipe entende que talvez seja um bom negócio manter o ex-presidente numa “distância segura”.
Nas últimas semanas Bolsonaro “abandonou” a disputa em São Paulo e além de gerar inconformidade nos aliados, conforme revelado por essa coluna, também fez a campanha do atual prefeito também reavaliar o quão lucrativa é a aliança com o bolsonarismo. Há uma leitura de que o apoio do atual governador, Tarcísio de Freitas, já é mais do que suficiente para que o prefeito consiga o voto dos extremistas de direita, já que Bolsonaro não foi tão bem na capital paulista no pleito de 2022.
As operações mais recentes da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente e seu entorno também demonstraram uma fragilidade que já faz com que se discuta a possibilidade de fazer com que Bolsonaro apenas apoie Nunes de maneira apenas verbal, sem que ele possa indicar um vice para a chapa.
Com isso o nome do Coronel da Polícia Militar Mello Araújo, seria rifado da chapa. Essa articulação já estaria em andamento e ganhou mais força nos últimos dias.
Seria mais uma derrota amarga para o líder da extrema-direita no Brasil, com dificuldades para emplacar um aliado não como titular de chapa, mas como vice numa disputa de prefeitura de uma capital.
Se a coisa realmente se desenrolar como está se desenhando, é uma questão de tempo par – com exceção dos extremistas – Bolsonaro ser convidado a apoiar candidatos apenas de longe, isso se conseguir manter a sua liberdade até lá.