Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, que explica os motivos dos pedidos de prisão ou busca e apreensão para oficiais do Exército e ex-assessores de Bolsonaro, há um trecho em que um dos âncoras da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, é citado.
A PF diz ter indícios de que a cúpula militar golpista tentava intimidar os oficiais das Forças Armadas que não demonstravam disposição para aderir à subversão contra o resultado das urnas.
“(…) Os diálogos com Mauro Cid revelaram também que Correa Neto sabia, horas antes, os nomes exatos dos Comandantes que seriam expostos pelo blogueiro, o que indica uma ação coordenada dos investigados para expor e pressionar os militares que resistissem em aderir aos planos golpistas.”
Trecho mais abrangente da decisão de Alexandre de Moraes:
“(…) O Coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto, à época Assistente do Comandante Militar do Sul, teve participação ativa na organização de uma reunião no dia 28.11.2022, às 19 horas, na cidade de Brasília. A reunião contou com a presença de oficiais com formação em forças especiais, assistentes dos generais supostamente aliados na execução do golpe. Os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermediou o convite para a reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais (Kids Pretos), evidenciando um planejamento minucioso para empregar, contra o próprio Estado brasileiro, técnicas militares na consumação do Golpe de Estado.
No mesmo dia, às 20h02min, Correa Neto enviou a Mauro Cid uma minuta intitulada “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, documento que provavelmente foi discutido na referida reunião e utilizado como instrumento de pressão ao então Comandante do Exército, General Freire Gomes.
Logo após a reunião, o blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho divulgou, no programa Pingo nos Is, às 21h30, os nomes dos Comandantes Regionais do Exército que ainda estariam indecisos em aderir ao plano golpista. Os diálogos com Mauro Cid revelaram também que Correa Neto sabia, horas antes, os nomes exatos dos Comandantes que seriam expostos pelo blogueiro, o que indica uma ação coordenada dos investigados para expor e pressionar os militares que resistissem em aderir aos planos golpistas.
Após o envio da carta, Mauro Cid pediu a Correa Neto que enviasse suas observações, ao que este respondeu: “Porra irmão. Apaguei essa parada”; “Não combinamos de apagar?”. Esses diálogos sugerem que os investigados tinham consciência da natureza ilícita de suas condutas e buscavam eliminar provas que pudessem incriminá-los, caracterizando uma ação típica de organização criminosa.”
A íntegra da decisão de Moraes pode ser baixada aqui.
A íntegra do pedido do PGR pode ser baixado aqui.