O Banco Central (BC) divulgou hoje que as contas externas do Brasil apresentaram, em 2023, uma redução significativa de US$ 19,6 bilhões no déficit em comparação com o ano anterior, marcando o menor resultado em três anos.
No ano passado, o déficit em transações correntes totalizou US$ 28,6 bilhões, representando 1,32% do Produto Interno Bruto (PIB), em comparação aos US$ 48,3 bilhões e 2,47% do PIB registrados em 2022.
As informações constam no relatório de estatísticas do setor externo, que abrange os detalhes das transações correntes do Brasil.
Esses dados incluem o comércio na balança comercial, relacionando exportações e importações, serviços adquiridos por brasileiros no exterior e receitas, como remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para outros países.
Segundo o BC, a redução do déficit de US$ 19,6 bilhões se deve principalmente ao aumento de US$ 36,4 bilhões no superávit da balança comercial e à diminuição de US$ 2 bilhões no déficit de serviços.
Esse efeito foi, em parte, compensado pelos aumentos nos déficits de renda primária (US$ 15,9 bilhões) e renda secundária (US$ 2,9 bilhões).
No ano passado, a balança comercial registrou um superávit de US$ 344,4 bilhões, o maior valor da série histórica, representando um aumento de 1,2% em relação a 2022.
As importações totalizaram US$ 263,9 bilhões, uma redução de 10,9% em relação ao ano anterior.
A balança comercial de bens também apresentou superávit de US$ 7,3 bilhões em dezembro de 2023, em comparação com US$ 2,9 bilhões no mesmo período de 2022.
As reservas internacionais do Brasil totalizaram US$ 355 bilhões em dezembro de 2023, um aumento de US$ 6,6 bilhões em relação ao mês anterior.
Esse aumento resultou principalmente de variações positivas de preços (US$ 4,5 bilhões) e de variações por paridades (US$ 1 bilhão). As receitas de juros somaram US$ 669 milhões.
Em relação aos investimentos diretos no país (IDP), as saídas líquidas foram de US$ 389 milhões em dezembro de 2023, mantendo-se em linha com as saídas líquidas observadas em dezembro de 2022, de US$ 479 milhões.
No ano de 2023, o déficit em renda primária totalizou US$ 72,4 bilhões, 28,1% acima do déficit de US$ 56,5 bilhões ocorrido em 2022.
As despesas líquidas de lucros e dividendos de investimento direto e em carteira somaram US$ 45 bilhões em 2023, um aumento de 21,5% em relação aos US$ 37,1 bilhões de 2022.
Os investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram aplicações líquidas de US$ 28,3 bilhões em 2023, em comparação com US$ 33,4 bilhões em 2022.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingressos líquidos de US$ 8,6 bilhões, com saídas líquidas de US$ 1,1 bilhão em ações e fundos de investimentos e ingressos líquidos de US$ 9,8 bilhões em títulos de dívida. Em 2022, esses ingressos líquidos foram de US$ 7,7 bilhões.