Padilha está cercado

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Se não bastasse o presidente da câmara, Arthur Lira (PP), que decidiu declarar que irá sim avançar sobre as prerrogativas do executivo e de quebra iniciar a sua quinta ou sexta escaramuça contra o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), ainda há gente na base do próprio governo atuando contra a articulação política do Planalto.

Ao longe de 2023 esta coluna publicou uma série de artigos revelando o verdadeiro cabo de força que se tornou a relação entre Padilha, Rui Costa (Casa Civil) e o deputado José Guimarães (PT) que lidera o governo na câmara.

Em junho do ano passado, a bancada do PT na Câmara pensou seriamente em marcar uma audiência com o próprio presidente Lula para pontuar algumas suspeitas de sabotagem de ministros palacianos contra Padilha. E um dos alvos das críticas seria o próprio ministro Rui Costa, que hoje comanda a Casa Civil.

Ainda no ano passado a própria Gleisi Hoffman (PT), presidente do PT, se queixou com pessoas próximas que Padilha estaria ficando pouco em Brasília e que no seu tempo a frente da Casa Civil, quando cuidava da articulação política, costumava ficar até sexta-feira de noite por lá.

Também no ano passado, Lira chegou a comentar pelos corredores do Congresso que queria ver José Guimarães no lugar de Padilha, segundo membros da bancada petista, o próprio Guimarães, na ocasião, estaria envolvido nestas articulações.

Sobre este último, ainda divide opiniões, pois, durante uma reunião ocorrida hoje entre Padilha, Guimarães e demais membros da articulação política do governo, o deputado aparentou estar totalmente solícito e colaborativo, isso enquanto se avolumam os comentários sobre seu interesse em ocupar o posto do Padilha.

Fontes na articulação política revelaram que no meio do ano passado houve um principio de crise também entre Padilha e Guimarães. Segundo estas fontes, o Planalto avaliou que a bancada governista estava votando com o Lira e não com o governo e que isso era coisa do deputado cearense que é muito próximo do presidente da câmara.

Já sobre o ministro do SRI ser alvo de sabotagem, há uma visão unânime que vai desde membros da liderança do governo no Congresso até o Palácio do Planalto que Rui Costa é um dos maiores opositores de Alexandre Padilha. Essa percepção passa também por algumas pastas na esplanada. Também há a percepção de que existem outros atuando contra o ministro mas que o mais proeminente é o ex-governador baiano.

Não há um só ator político em Brasília que não conheça o embate entre os dois.

Aparentemente, Lira parece ser um ator secundário nas dificuldades da articulação política do governo, há quem diga que o presidente Lula ainda não sabe destas questões todas, mas há quem acredite que ele saiba e que tudo não passa de uma estratégia ainda não revelada.

De qualquer maneira só há um fato: talvez o governo precise olhar mais o seu entorno antes de pensar sobre o que fazer com Lira, o insaciável.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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