O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 30, que a continuidade da queda da Taxa Selic (juros básicos da economia) dependerá do cenário internacional.
Segundo ele, caso os Bancos Centrais das economias avançadas iniciem reduções nos juros ainda neste semestre, isso poderia abrir espaço para novos cortes nas taxas de juros no Brasil no segundo semestre.
“Por tudo que ouvi nas viagens que fiz, não me parecia o mais provável [que o ciclo de cortes no exterior comece em março], mas no primeiro semestre me parece realista. Se isso acontecer, vai ser muito bom para Banco Central [brasileiro], porque aí o horizonte pode mudar relativamente para melhor, e isso pode projetar uma taxa de juros terminal neste ciclo de cortes para além do que estamos imaginando hoje. Mas isso são especulações, vamos avaliar”, disse Haddad ao voltar de reunião na Casa Civil.
Nesta quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realiza a primeira reunião do ano para decidir o futuro da Taxa Selic, atualmente em 11,75% ao ano.
Em dezembro, o BC havia anunciado que continuaria a promover cortes de 0,5 ponto percentual no primeiro semestre.
A maioria das instituições financeiras acredita que o Copom fará três reduções até maio, para depois decidir a evolução dos juros básicos no Brasil.
Haddad também comentou a alta da Dívida Pública Federal, que encerrou 2023 em R$ 6,52 trilhões, um aumento de cerca de R$ 500 bilhões no ano passado.
Ele destacou que parte desse aumento em 2023 se deve a decisões do governo anterior, como a quitação de precatórios (dívidas do governo com sentença judicial definitiva) e a ajuda financeira a estados para compensar a redução do imposto estadual sobre os combustíveis.
“A dívida é uma consequência do déficit primário e dos juros sobre a dívida. O precatório que foi pago já era dívida, só não tinha sido contabilizado como dívida, mas já existia.
Um governo que paga um calote não pode ser responsabilizado nem pelo calote e nem pelo aumento da dívida consequente do pagamento do calote”, declarou Haddad.
Na segunda-feira, 29, o Tesouro Nacional informou que o déficit primário do Governo Central – Tesouro, Banco Central e Previdência Social – ficou em R$ 230,54 bilhões, o pior resultado para as contas públicas desde 2020, o primeiro ano da pandemia de covid-19.
O déficit, no entanto, cairia para R$ 138,1 bilhões sem o pagamento de cerca de R$ 92 bilhões em precatórios atrasados, após decisão do Supremo Tribunal Federal.
Haddad também mencionou que o governo espera fechar 2024 com crescimento da economia acima de 2% e que está confiante de que encerrará o ano melhor que as previsões.
Em novembro, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda divulgou projeção de avanço de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. Nesta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a expectativa de crescimento do PIB deste ano de 1,5% para 1,7%.
Segundo o ministro, o governo está tomando medidas para melhorar o ambiente de negócios e o crescimento neste ano, como o Novo Marco de Garantias, sancionado em outubro e ainda pendente de regulamentações. “O Marco de Garantias tem o potencial de mudar o padrão de crédito no país, o que impulsionará o crescimento”, destacou.
Haddad concluiu afirmando que os dados preliminares da economia em janeiro “estão bastante razoáveis”. “Entramos no ano confiantes de que podemos ter um ano acima das expectativas, como aconteceu em 2023”, comentou.