Desde que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) entrou no centro de um escândalo de espionagem ilegal e monitoramento de alvos do governo do então presidente Jair Bolsonaro, muito se falou sobre uma possível rixa entre ABIN e Polícia Federal (PF), porém segundo fontes na agência, a discussão não seria tão simples assim.
Segundo eles a tal rixa entre ABIN e PF na verdade teria como estopim a proteção de informações da agência e que envolvem acusações bem graves.
Segundo uma das fontes “a agência lida com um volume MUITO grande de informações sigilosas. Muita inteligência recebida de parceiro, inclusive estrangeiro. A nossa segurança acompanha as diligências para que não passem uma limpa nos bancos de dados e levem um documento, sei lá, do MSS chinês (Ministério de Segurança do Estado da China). Que, conhecendo a PF, vai acabar nas mãos dos americanos”.
O relato acima vem acompanhado de uma série de outras críticas de servidores de que os agentes da PF gostariam de te ruma acesso demasiadamente além do necessário para que se investigassem o escândalo da chamada Abin paralela.
“A gente se preocupa com eles a estarem nosso banco de dados. Esse tipo de coisas. Que foge do escopo da investigação”, afirmam as fontes.
Já sobre a indicação de Alessandro Moretti que até ontem (30) ocupava o cargo de diretor-adjunto da Abin eles alegam que desde o início defendiam a indicação de um servidor de carreira, porém, eles reforçam que Moretti nunca se comportou de maneira estranha. Eles também afirmam que existem “colegas no próprio quadro que são muito piores”.
Segundo esses servidores, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro os acessos foram muito bem controlados e compartimentados. Porém o governo nomeava pessoas em setores onde, segundo estes servidores, os agentes da PF ligado ao Alexandre Ramagem, ex-diretor da agência, tinham interesse. Alguns destes setores de interesse eram a segurança orgânica e a investigação social (a ABIN faz a investigação das indicações para cargos no governo de DAS 3 ou 4 pra cima).
Eles também ressaltam que uma das insatisfações que possuem com a atual gestão está no fato do atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, “defender pouco” a agência. “E acho que uma das nossas insatisfações é que a Direção não vem a público pra falar que não houve obstrução, houve sim um cuidado com as informações sigilosas sob custódia da ABIN”, disse uma das fontes.
A impressão geral é que Luis Fernando não defende a agência. Porém os servidores afirmam que talvez parte desse comportamento venha de um sentimento de quem não se sente preservado pela agência. Corrêa teria a percepção de que foi pego de surpresa por uma série se esqueletos no armário da gestão anterior e que faltaram avisos dos demais servidores.
Além disso esses servidores afirmam que existem uma série de rixas entre a cúpula da PF e da agência, também composta por egressos da polícia federal e que vão até a corregedoria da ABIN.
Morretti era tido como alguém técnico pelos servidores, além de contar com respaldo dos quadros da agência, embora a sua exoneração não tenha surpreendido ninguém.
Além disso, mesmo com as críticas, os servidores da agência afirmam serem leais ao atual diretor-geral. Corrêa também conta com a confiança integral do presidente Lula e do ministro Rui Costa (Casa Civil).
E como a coluna registrou, é um momento muito turbulento na ABIN, resta saber como será a agência ao termino das investigações e responsabilizações.
Os servidores consideram que a “rixa” não é entre a a PF e a ABIN, porém ao que tudo indica, há muito mais que uma mera briga de egos, birras ou disputas comezinhas da burocracia estatal.
Resta saber como o governo federal fará para pacificar a situação.