Rejeição a Milei explode para 53% dos argentinos

Tomy Freagueiro / La Voz

O governo do presidente Javier Milei enfrenta dificuldades para avançar com a Lei Ônibus, um pacote de reformas essenciais para seus objetivos econômicos.

A retirada das medidas de ajuste fiscal da lei resultou em uma queda dos ativos argentinos e uma alta do dólar financeiro, refletindo preocupações sobre o cumprimento da meta de déficit zero, que Milei considera “inegociável”.

Para atingir a meta de zerar o déficit este ano, o governo precisa reduzir os gastos em 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso implicará em cortes nos repasses às províncias argentinas.

Especialistas locais apontam que essa estratégia aumenta a resistência dos governadores, que possuem influência significativa no Congresso argentino, onde o partido de Milei tem representação limitada.

Mesmo que um acordo entre líderes políticos leve à aprovação do pacote na votação adiada para amanhã, a aprovação dos artigos individuais da Lei Ônibus sem alterações adicionais parece improvável.

Milei renunciou ontem a alguns poderes emergenciais que lhe permitiriam definir unilateralmente políticas fiscais e previdenciárias por até dois anos. O governo, no entanto, afirma que não fará mais concessões e considera um plebiscito em caso de derrota no Congresso.

Dante Moreno, analista da consultoria EPyCA, observa que a incapacidade do governo de debater e aprovar as linhas gerais da Lei Ônibus pode levar a mais uma derrota política, prejudicando significativamente a gestão de Milei. Ele destaca que as incertezas estão aumentando e as metas fiscais parecem mais distantes.

Os mercados financeiros da Argentina reagiram negativamente à decisão do governo de excluir o capítulo fiscal da lei, com quedas na Bolsa de Buenos Aires e nos títulos soberanos, além de um aumento no valor do dólar no mercado paralelo.

Uma reunião da diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) está agendada para amanhã para discutir os novos termos do programa de crédito com a Argentina.

Milei, que havia prometido ao FMI um superávit fiscal primário de 2% do PIB, agora enfrenta desafios após a retirada das medidas fiscais. Uma reunião em Washington com técnicos do FMI e com o presidente dos EUA, Joe Biden, está prevista para discutir relações bilaterais e questões econômicas.

O FMI sinalizou disposição para dar mais tempo a Milei, permitindo que a revisão final do acordo atual seja adiada de setembro para novembro.

Sergio Berensztein, analista e fundador de uma consultoria, menciona que mesmo um corte que elimine o déficit seria significativo. Membros do governo indicam que Milei apresentará novas regras fiscais específicas após a aprovação da Lei Ônibus.

Politicamente, Milei enfrenta desafios crescentes. Eleito em novembro com 56% dos votos válidos, agora vê seu apoio diminuir, com uma recente pesquisa indicando que 52,8% dos entrevistados desaprovam totalmente seu governo.

Com informações do Valor

Redação:
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.