A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) está conduzindo uma investigação interna sobre o ex-diretor geral Alexandre Ramagem, após constatar que ele não completou o checklist patrimonial padrão de saída.
Além disso, Ramagem não compareceu à entrevista obrigatória para assinar o termo de confidencialidade relacionado às suas atividades no cargo.
A investigação foi iniciada na quinta-feira, 25, em sequência à descoberta pela Polícia Federal de dispositivos pertencentes à ABIN em posse do ex-diretor.
Ramagem, que foi chefe da ABIN durante o governo de Jair Bolsonaro e atualmente é deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, saiu do cargo em 30 de março de 2022.
Segundo as normas da agência de inteligência, todo servidor ao se desvincular deve passar por um processo de devolução de equipamentos, verificado por um checklist patrimonial.
A apuração interna revelou que, embora os equipamentos fixos de seu escritório tenham sido devolvidos, a ABIN ainda investiga a origem do computador, celular e pendrives encontrados com Ramagem. Apesar de convocado para a entrevista de confidencialidade, o ex-diretor não se apresentou.
A Folha, que obteve informações sobre a investigação, tentou contato com a assessoria de Ramagem, mas não obteve resposta.
Em contrapartida, em entrevista à GloboNews, Ramagem negou qualquer uso indevido de equipamentos da ABIN e alegou que acreditava ter autorização para mantê-los.
Ramagem está no centro de outra investigação, conduzida pela Polícia Federal, sobre o uso do software israelense FirstMile pela ABIN entre 2019 e 2021, sob suspeita de espionagem ilegal.
O STF, sob o ministro Alexandre de Moraes, já autorizou buscas na sede da ABIN e outros locais relacionados à investigação.
A PF, em pedido ao STF, sugere um “conluio” entre a atual gestão da ABIN para obstruir a investigação, alegação negada pela agência. A ABIN afirma ter colaborado plenamente com as solicitações da PF desde o início do inquérito em março.
Com informações da Folha