A Polícia Federal identificou uma possível obstrução de justiça por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a execução de mandados de busca e apreensão em sua sede. No dia da operação, os agentes da PF enfrentaram resistência por parte da direção da Abin, que questionou a amplitude dos mandados judiciais e dificultou o acesso aos documentos necessários. A situação exigiu a intervenção do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para emitir uma nova ordem judicial.
Essa ação faz parte de uma investigação sobre a produção de documentos por uma suposta unidade de espionagem ilegal dentro da Abin. Os agentes federais, ao serem impedidos de acessar os documentos, solicitaram um novo despacho de Alexandre de Moraes, facilitando assim o acesso às informações requeridas.
Nesse contexto, a Polícia Federal trabalha em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU), liderada pelo ministro Vinicius Carvalho. O STF autorizou a CGU a acessar os materiais da investigação, contribuindo para o aprofundamento das apurações sobre a unidade de espionagem ilegal.
Em relação à liderança da Abin, há discussões no governo sobre a remoção de sua cúpula. O número dois da agência, Alessandro Moretti, parece já estar fora do quadro, enquanto debates ocorrem sobre a permanência de Luiz Fernando Correa, o chefe da Abin. A situação de Correa é vista como insustentável tanto por membros do STF quanto por investigadores da PF, mas uma decisão final do presidente Lula ainda não foi tomada.
A investigação foca em uma ala paralela da Abin, que teria utilizado o software israelense FirstMile para espionagem ilegal. Esse software permitia o monitoramento de celulares por meio de dados de GPS, possibilitando não apenas o rastreamento de movimentos, mas também a identificação de encontros entre indivíduos. O diretor-geral da PF, Andrei Passos, informou que cerca de 30 mil brasileiros foram alvos dessa espionagem, incluindo ministros e políticos de oposição.