Em uma operação deflagrada nesta quinta-feira, a Polícia Federal está cumprindo mandados de busca e apreensão contra o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), e outros ex-membros de sua gestão.
A operação inclui 21 mandados em diversas cidades, como Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.
Além das buscas no gabinete de Ramagem na Câmara dos Deputados e em seus endereços residenciais, a operação também mira outros alvos relacionados.
A investigação se concentra no uso de um programa espião adquirido pela agência, que permitia o monitoramento da localização de pessoas sem autorização judicial.
Esta operação é uma continuação de uma investigação iniciada no ano passado, focando agora no uso deste programa por um grupo de policiais federais trazidos para a Abin por Ramagem, suspeitos de formarem uma espécie de agência de inteligência paralela.
A operação também determinou o afastamento imediato de sete policiais federais de suas funções públicas. Até o momento, Alexandre Ramagem não foi localizado para comentar sobre a situação.
Sobre o ex-diretor da Abin
Alexandre Ramagem, um policial federal de carreira, ganhou notoriedade ao se aproximar do ex-presidente e de seus filhos durante a campanha eleitoral de 2018.
Sua estreita relação com a família do ex-presidente Bolsonaro levou à sua nomeação como diretor da Abin. Na época, a agência estava sob a supervisão do general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Uma tentativa de nomear Ramagem para o comando da Polícia Federal resultou na demissão do então ministro da Justiça, Sergio Moro, hoje senador. A nomeação foi barrada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, por alegado desvio de finalidade.
Após se alinhar fortemente com o bolsonarismo, Ramagem se candidatou e foi eleito deputado federal em 2022, e atualmente é apontado como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL nas eleições deste ano.