A Polícia Federal está investigando a possibilidade de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob a gestão de Alexandre Ramagem, tenha organizado uma operação paralela com o objetivo de inocentar Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma investigação de tráfico de influência que acabou sendo arquivada.
A PF já tinha indicado anteriormente que ações da Abin interferiram nas investigações envolvendo Jair Renan. Agora, surgiram evidências sugerindo que a motivação era livrar o filho do presidente das suspeitas e incriminar seu ex-parceiro comercial.
Jair Renan abriu um escritório em Brasília e começou a atuar com seu ex-personal trainer na busca de patrocinadores para seu novo negócio. A PF iniciou a investigação depois de reportagens indicarem que Jair Renan e seu ex-personal trainer facilitaram uma reunião de empresários com membros do governo Bolsonaro. O inquérito foi arquivado em agosto de 2022.
Naquela época, a Abin passou a monitorar o ex-personal trainer de Jair Renan, uma ação que foi descoberta pela Polícia Militar do Distrito Federal. Um agente da Abin foi abordado no estacionamento do ex-parceiro de Jair Renan.
O agente da Abin revelou que foi instruído por um auxiliar de Ramagem a coletar informações sobre um carro elétrico de R$ 90 mil, supostamente doado ao filho do ex-presidente e ao seu personal trainer por um empresário interessado em acesso ao governo. A missão era descobrir quem estava usando o veículo. O empresário chegou a ter uma reunião com o então ministro do Desenvolvimento Regional.
Alexandre Ramagem, indicado pelo PL para a prefeitura do Rio de Janeiro, é próximo de Bolsonaro e era um dos homens de confiança do ex-presidente. Em agosto de 2022, foi relatado que a PF em um relatório informou que a Abin, sob a gestão de Ramagem, prejudicou a investigação envolvendo Jair Renan.
A PF concluiu em um relatório que a Abin interferiu nas investigações e que, após a descoberta da operação, o ex-personal trainer de Renan devolveu o carro elétrico. “Essa diligência, logicamente, atrapalhou as investigações em andamento, pois alterou o comportamento do investigado”, relatou a PF.