Abin monitorou residência de Camilo Santana no Ceará com drone, afirma PF
A Polícia Federal (PF) reportou que agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) empregaram um drone para vigiar Camilo Santana, atual ministro da Educação e ex-governador do Ceará. Este incidente foi mencionado na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou uma operação para investigar o uso indevido de espionagem de celulares pela Abin.
O episódio do drone sobrevoando a casa de Santana no Ceará foi citado pela PF como evidência das práticas ilegais por parte dos membros da Abin. A PF identificou Paulo Magno, responsável pelo programa de monitoramento FirstMile, operando o drone próximo à residência do então governador em 2021, o que “comprova a total ilicitude das ações”. Magno, procurado para comentar, não respondeu aos contatos.
Segundo a PF, não havia justificativas apropriadas para tal monitoramento. “A ação de vigiar o então Governador do Ceará, CAMILO SANTANA, com drones, não se configura como uma operação de inteligência devido à falta de fundamentos adequados, mas sim como uma ‘simples ação de inteligência de acompanhamento'”, conforme consta no relatório.
A PF descobriu que a Abin utilizava um programa secreto chamado FirstMile para rastrear a localização de indivíduos selecionados através de celulares durante a administração de Jair Bolsonaro (PL). Após revelações iniciais em março, a PF iniciou um inquérito e constatou que a ferramenta foi usada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e opositores do governo.
O software, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (anteriormente conhecida como Verint), era operado pela equipe de operações da Abin sem controles formais de acesso. Alexandre Ramagem e a Abin, procurados para comentários, não se pronunciaram.