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Reajustes salariais superam inflação em negociações pela primeira vez desde 2018

Pela primeira vez desde 2018, o reajuste salarial mediano obtido em negociações e convenções coletivas superou a inflação. O aumento ficou 1 ponto percentual acima da inflação, de acordo com dados do Boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe). Hélio Zylberstajn, coordenador do Salariômetro, explica: “Quando a inflação é baixa, o reajuste costuma […]

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Arquivo Instituto Lula

Pela primeira vez desde 2018, o reajuste salarial mediano obtido em negociações e convenções coletivas superou a inflação. O aumento ficou 1 ponto percentual acima da inflação, de acordo com dados do Boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe).

Hélio Zylberstajn, coordenador do Salariômetro, explica: “Quando a inflação é baixa, o reajuste costuma ficar acima”. No período de janeiro a dezembro de 2023, todos os meses registraram negociações com reajustes acima da inflação anual. Julho teve o maior reajuste real, de 1,5%, enquanto janeiro teve o menor, com 0,1%.

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), encerrou 2023 com uma alta de 3,85%. No ano anterior, a taxa foi de 5,93%. Das 19.087 negociações analisadas em 2023, 78,2% resultaram em reajustes acima do INPC. Em 2022, somente 27,4% das 25.592 negociações alcançaram ganho real.

Por regiões, Centro-Oeste e Sudeste lideraram com o maior ganho real (1,07%). Norte e Nordeste tiveram o menor ganho (0,53%), e o Sul registrou 0,77%. Entre os setores, a Construção Civil liderou com o maior reajuste (1,52%), seguida da Agropecuária (1,17%) e dos Serviços (1,00%). Indústria (0,94%) e Comércio (0,50%) apresentaram os menores reajustes.

Em dezembro de 2023, o reajuste mediano real foi de 1,3%. Nesse mês, 88,4% das negociações tiveram reajustes acima da inflação, 7% igualaram a inflação e 4,7% ficaram abaixo.

A dinâmica salarial é monitorada de perto pelos economistas, pois influencia a política monetária do Banco Central (BC). Um mercado de trabalho mais ajustado pode aumentar o poder de barganha dos trabalhadores e os custos de produção, representando um potencial foco de pressão inflacionária.

O Salariômetro encontrou resultados semelhantes aos do boletim “De Olho nas Negociações”, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese). Neste, o reajuste real médio em 2023 foi de 1,11%, com 77% dos 19.531 instrumentos analisados apresentando reajustes nominais acima do INPC.

Zylberstajn prevê que 2024 será um ano semelhante ao anterior em termos de negociações. “É um ano eleitoral. Então, os gastos dos governos esquentam um pouco a economia. Além disso, a inflação deve ficar comportada e o mercado de trabalho está razoavelmente bom”, conclui.

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