Hoje a jornalista Mônica Bergamo revelou que os militares estavam, deliberadamente sabotando as ações de combate ao garimpo ilegal nas terras da etnia indígena Ianomâmi, há meses o jornalista Rubens Valente, da Agência Pública, também fez vários relatos.
Porém o que, hoje é visto como uma simples dificuldade operacional imposta pelos militares, na verdade está mais para um ensaio de indisciplina deliberada.
Uma fonte militar no Palácio do Planalto revelou que a situação é comentada até mesmo entre os militares de maneira informal, “dizem que tem chefes/oficiais que jogam contra o governo”, disse essa fonte que completou dizendo que há uma preocupação sobre como isso afeta toda a cadeia de comando militar, “isso acaba tendo ressonância nos subordinados [sargentos, cabos e soldados]”. Essa mesma fonte afirma que o assunto já é comentado entre os próprios militares há algum tempo, o que dá um sinal do nível de gravidade da situação.
E não é de hoje que “coisas estranhas” ocorrem na região, em janeiro do ano passado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, mandou a Procuradoria-geral da República apurar indícios de que a FAB havia deixado de realizar a interceptação de aviões ilegais de garimpeiros em Roraima.
A decisão do ministro também pede a apuração de um caso onde envolvendo a “retirada irregular (e aparentemente não explicada) de 29 (vinte e nove) aeronaves ligadas ao garimpo ilegal e apreendidas pela Polícia Federal de seu local de depósito, posteriormente avistadas em operação, a despeito da existência de ordem judicial de destruição dos bens apreendidos”.
Dentro do governo já há quem fale também nos corredores sobre insubordinação flagrante dos militares em Roraima. O atual ministro da defesa José Múcio também não sabe o que fazer muito bem com a questão.
Durante uma reunião, Múcio sugeriu a construção de bases militares na região, a ideia não durou muito tempo, já que um dos presentes na reunião lembrou que já existem 4 pelotões de fronteira na região. Ou seja: o ministro acha que a solução são mais militares quando é justamente a presença deles que está causando problemas.
A questão, inclusive, já é de conhecimento do próprio presidente da República que sabe dos repetidos episódios de flagrante insubordinação, porém, optou por deixar à cargo dos comandantes a resolução do imbróglio que afirmaram ao presidente que a situação seria algo isolado, fácil de ser suprimido e abafado sem necessariamente precisar de algum enfrentamento ou responsabilização mais firme.
No Planalto o assunto também não é tratado pelos corredores. “É uma pergunta complicada. Porque o presidente diz que tá resolvida a questão”, afirma uma fonte palaciana.
Lula também repete os mesmos erros do passado ao acreditar que conseguirá superar a questão enchendo os fardados com enormes fatias do orçamento público. O presidente nunca foi alguém interessado em punir a delinquência verde-oliva.
Ainda no ano passado um militar da Força Aérea Brasileira, o tenente-coronel Igor Rocha, foi flagrado publicando um post sugerindo a morte do presidente Lula, não foi punido, lotado no Comando da Aeronáutica, hoje o militar integra os quadros do Centro de Comunicação Social da FAB.
Outro caso notório é do antigo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Gonçalves Dias, flagrado aos prantos confraternizando com policiais amotinados na Bahia, foi punido no governo Dilma e “presentado” com o GSI no governo Lula.
Se até mesmo os militares temem que a insubordinação de militares em Roraima tomem proporções dignas do século passado, não seria hora do poder civil impor alguma disciplina?
Uma outra fonte militar consultada pela coluna também reforçou que “o golpismo continua forte dentro das forças armadas” reforçado que não é segredo para ninguém que há um grande contingente nas forças que “segue com a ideia de que a eleição foi roubada”.
Até lá, que Deus defenda o Brasil do sequestro mais longo da história mundial: o sequestro da República feito pelos militares.
Ligeiro
22/01/2024 - 20h30
A sensação que tenho é que a melhor forma de combater o exército – este ente que vive a dar rasteira no próprio país que representa – é tentar pensar em uma forma de migrar as operações de uma função “militar” para uma função “civíl”, ou seja, tirar da “caserna” a responsabilidade das operações de exército (guarda e proteção nacional).
Em um mundo “ideal”, parte da esquerda já estaria debruçada esmiuçando formas de fazer isso. Encontrar lideranças dentro do próprio exército que estejam a fim desta migração.
Criar também mecanismos para desincentivar novos quadros. A desobrigação do “serviço militar obrigatório” e a substituição por algo tipo “estágio governamental” em um órgão público poderia ser algo interessante. Definhar o exército e as polícias militares, criando entes civís que possam substitui-la e desobrigar o serviço obrigatório são formas de reduzir quadros.
Pena que Lula na verdade soa que tolera bem o exército, diferente de outras alas tanto do partido quanto do resto da esquerda.