Como a crise no Mar Vermelho pode beneficiar a China

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Nos últimos dois meses, um súbito crescimento nos ataques rebeldes Houthi no Estreito de Bab el-Mandeb, crucial para a conexão entre o Mar Vermelho e o Mar Arábico, causou uma pausa significativa no tráfego pelo Canal de Suez.

As maiores transportadoras marítimas do mundo suspenderam suas operações, optando por rotas alternativas enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha intensificavam ataques ao Iêmen.

Com o aumento dos desvios, a Arábia Saudita aprovou a criação de uma “ponte terrestre” entre a Arábia e o Mediterrâneo em meados de dezembro.

Esta rota permite que mercadorias dos portos do Golfo Pérsico, como Jebel Ali nos Emirados Árabes Unidos e Mina Salman no Bahrein, transitem por terra até o porto de Haifa, em Israel.

O ataque do Hamas a Israel em 7 de Outubro, longe de enfraquecer os Acordos de Abraham, parece ter fortalecido a cooperação infraestrutural entre Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Israel.

Este novo corredor Golfo-Israel não apenas oferece uma alternativa aos desafios marítimos, mas também reduz o tempo de transporte marítimo em cerca de dez dias.

A Administração de Informação de Energia dos EUA fornece um mapa detalhando os países em torno do Mar Vermelho, incluindo Arábia Saudita, Iêmen, Egito e Israel, destacando a importância estratégica desta região para o comércio global.

Os recentes choques geopolíticos, exacerbados pelo terrorismo marítimo no Mar Vermelho e pela guerra entre Rússia e Ucrânia, elevaram os custos logísticos e os preços dos alimentos, impactando negativamente a recuperação econômica pós-pandemia da COVID-19, especialmente nos países em desenvolvimento.

Além disso, a recente erupção de um vulcão na Islândia tem aumentado os custos de frete aéreo.

O presidente chinês, Xi Jinping, destacou a importância da construção de mais cadeias de abastecimento durante o terceiro Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional em Pequim, em 18 de outubro de 2023.

A Iniciativa do Cinturão e Rota da China, embora inicialmente vista com ceticismo por muitos líderes ocidentais, é agora reconhecida como uma estratégia vital para aumentar a conectividade global e mitigar interrupções imprevistas no comércio.

A necessidade de diversificar as rotas de comércio tornou-se evidente em 2021, quando o encalhe do navio porta-contêineres Ever Given no Canal de Suez paralisou o comércio entre Europa e Ásia.

Esta situação destacou a vulnerabilidade dos pontos de estrangulamento marítimo e a importância de se ter rotas alternativas para a economia global.

A China e a Europa, reconhecendo a importância de evitar tais vulnerabilidades, têm aumentado significativamente o uso de transporte ferroviário transeurasiático.

Investimentos adicionais em autoestradas, ferrovias e portos ao longo dos oceanos Índico e Ártico são essenciais para garantir a resiliência e a eficiência do comércio mundial.

Com informações da Foreign Policy

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